segunda-feira, 31 de dezembro de 2007
Ano Novo.
E lá estava eu: na rodoviária esperando a hora do ônibus sair. Queria ficar só, mas minha mãe não deixou. Não largou do meu pé até uma e vinte da tarde. De modo que não consegui escrever nem uma poesia. Mas isso não é bom nem mau. A agonia. Depois eu terei tempo de falar sobre ela. Na verdade eu não consigo lembrar da minha vida sem ela. Não é nada forte, ou nada direto. Ela costuma me afetar indiretamente, infiltrando-se sorrateira pelos cantos do meu peito. É onde dá para senti-la. Ela pulsa. Suas batidas diferem das do meu coração e ela quase o hipnotiza; quase faz ele bater segundo o seu ritmo. Ela parece um espelho imperfeito; uma penumbra que se movimenta livremente. Somos íntimos, mas não nos conhecemos ao certo. Sei que ela se alimenta e fica alegre com a felicidade. Ela deve se sentir muito sozinha. Como uma dor desejada foi a luz do sol que me encheu os olhos nesta tarde magnífica. As árvores secas na estrada. O capim cinza. A árvore prateada, sozinha, no meio daquele monte. as poucas folhas verdes nascentes. Uma clara visão da restauração, de Deus. Não há como narrar, descrever ou explicar aquele sentimento, aquelas idéias flamejantes. Eu perdi um pouco do meu sangue hoje. Pensei que eu derramaria todo ele naquela árvore só para vê-la brotar em mais folhas verdes. Depois, abraçaria seu tronco reluzente e de lá observaria o mundo e nada teria sido em vão. Eu sou Raphael. Desejo a vocês, meus queridos amigos, uma vida que valha a pena ser vivida. Lembrem que os anos não o são. Não há como aprisionar o tempo, nem há razão: ele é perfeito como nunca seremos. Feliz vida e que sintam o mesmo abraço que eu daria na árvore prateada. Pax
segunda-feira, 24 de dezembro de 2007
Feliz Natal
AD AMICOS
Em vão lutamos. Como névoa baça
a incerteza das coisas nos envolve.
Nossa alma em quanto cria, em quanto volve,
nas suas próprias redes se embaraça.
O pensamento, que mil planos traça,
é vapor que se esvai e se dissolve;
e a vontade ambiciosa, que resolve,
como onda em rochedos se espedaça.
Filhos do amor, nossa alma é como um hino
à luz, à liberdade, ao bem fecundo,
prece e clamor d'um pressentir divino;
mas num deserto só, árido e fundo,
ecoam nossas vozes, que o Destino
paira mudo e impassível sobre o mundo.
Antero de Quental.
Em vão lutamos. Como névoa baça
a incerteza das coisas nos envolve.
Nossa alma em quanto cria, em quanto volve,
nas suas próprias redes se embaraça.
O pensamento, que mil planos traça,
é vapor que se esvai e se dissolve;
e a vontade ambiciosa, que resolve,
como onda em rochedos se espedaça.
Filhos do amor, nossa alma é como um hino
à luz, à liberdade, ao bem fecundo,
prece e clamor d'um pressentir divino;
mas num deserto só, árido e fundo,
ecoam nossas vozes, que o Destino
paira mudo e impassível sobre o mundo.
Antero de Quental.
quinta-feira, 29 de novembro de 2007
Sensibilidade:
Sensibilidade. Sentir-se como parte do mundo, ao mesmo tempo que o mundo faz parte da sua própria percepção. Tantas idéias e todas ao mesmo tempo: quase não há como diferir: tudo vem num misto de sentir e pensar. De repente, aquilo se mostra fugaz: não se sabe mesmo o porquê do sofrimento, da alegria, dar dor de cabeça inexplicável; das dores de estômago: dores de viver. Talvez sejam mesmo as dores do mundo; dores de quem é usado a todo tempo por quem ainda não aprendeu a amar. Dores de todas as contradições que circulam com o vento e infectam esta cidade... Mas ninguém parece entender o que significa sentir isso. O paradoxo de sentir pulsar o mundo em si e se pensar sozinho, fragmentário, disperso. Talvez por que pensar e sentir não devêssem ser separados um do outro. Talvez por que nada disso importe à ação, que é concreta e acreditamos ser o que nos define. Melhor mesmo é acreditar que... Somos. Somos totais. Não há fragmentação que não nos seja pura ilusão: quem sabe a sensibilidade nos mostre isso todos os dias em que sofremos sem ao menos saber por que.
sábado, 17 de novembro de 2007
...
Fúria nas trevas o vento
Fúria nas trevas o vento
Num grande som de alongar,
Não há no meu pensamento
Senão não poder parar.
Parece que a alma tem
Treva onde sopre a crescer
Uma loucura que vem
De querer compreender
Raivas nas travas o vento
Sem se poder libertar.
Estou preso ao meu pensamento
Como o vento preso ao ar.
Pessoa.
Se ao menos eu pudesse saber a verdade...
Não a minha, que já a conheço bem, mas
a verdade dos que me cercam e dizem
me amar, respeitar, odiar...
Isso acalmaria meu espírito como uma droga:
a verdade alheia, a que convém; que
nos instantes de uma população ardente
é clamada a ferro e sangue.
e tortura quando não obtém resposta
daqueles que são donos da verdade que nos conforta
e ao mesmo tempo, nos queima.
Nos queima por perceber essa verdade tão relativa.
Que varia de verdade em verdade,
sem chegar a um ponto fixo,
pois assim, nos supririam.
É essa verdade que eu quero.
Só assim saberia que por ela
não vale a pena viver.
(poema criado em conjunto por Italo e Raphael)
Fúria nas trevas o vento
Num grande som de alongar,
Não há no meu pensamento
Senão não poder parar.
Parece que a alma tem
Treva onde sopre a crescer
Uma loucura que vem
De querer compreender
Raivas nas travas o vento
Sem se poder libertar.
Estou preso ao meu pensamento
Como o vento preso ao ar.
Pessoa.
Se ao menos eu pudesse saber a verdade...
Não a minha, que já a conheço bem, mas
a verdade dos que me cercam e dizem
me amar, respeitar, odiar...
Isso acalmaria meu espírito como uma droga:
a verdade alheia, a que convém; que
nos instantes de uma população ardente
é clamada a ferro e sangue.
e tortura quando não obtém resposta
daqueles que são donos da verdade que nos conforta
e ao mesmo tempo, nos queima.
Nos queima por perceber essa verdade tão relativa.
Que varia de verdade em verdade,
sem chegar a um ponto fixo,
pois assim, nos supririam.
É essa verdade que eu quero.
Só assim saberia que por ela
não vale a pena viver.
(poema criado em conjunto por Italo e Raphael)
quarta-feira, 14 de novembro de 2007
Prece silenciosa.
Que o silêncio não me defina:
sóbrio ou louco pela terra molhada.
As paredes do meu quarto são
o infinito limitado pela agonia.
Rogo pela presença do barulho;
do ruído sincero e sem explicação.
Talvez às vozes silentes que ecoam
na impossibilidade de serem entendidas.
Que me salve, o grito dormente,
das mentiras escritas no espelho
da lucidez controladora da verdade.
Para quem sabe ir além, voar
tocar o teto em chamas, queimar-se:
realizar o último e insolente esforço desnecessário.
Raphael.
sóbrio ou louco pela terra molhada.
As paredes do meu quarto são
o infinito limitado pela agonia.
Rogo pela presença do barulho;
do ruído sincero e sem explicação.
Talvez às vozes silentes que ecoam
na impossibilidade de serem entendidas.
Que me salve, o grito dormente,
das mentiras escritas no espelho
da lucidez controladora da verdade.
Para quem sabe ir além, voar
tocar o teto em chamas, queimar-se:
realizar o último e insolente esforço desnecessário.
Raphael.
segunda-feira, 29 de outubro de 2007
Cotidiano
Eu acho que gosto das coisas simples. Não só das viagens nas aulas à noite, quando eu tento descobrir um sentido do que projeta os sentidos das coisas ou qualquer outra paranóia fenomenológica. Aliás, adoro essas "meta-paranóias". A linda frase, que me faz entrar em confusão mental profunda, essa que está numa das páginas finais do meu livro: o que é?
Mas não me interesso apenas por isso. Quer dizer, eu realmente gosto das coisas simples, a despeito do que vocês devem estar pensando agora - afinal, teoria da complexidade, fenomenologia, existencialismo e paradigma do dom são coisas um tanto abstratas; as vezes as pessoas associam coisas simples a coisas não-abstratas, mas eu não penso assim. Enfim, eu ainda gosto de coisas engraçadas mesmo. Como imaginar que aquele volume na rede de uma casa de muro esburacado e portão de aço repousava minha amiga Cacá. Sim, por que dá pra ver a frente da casa dela quando passo de ônibus pela avenida que eu não vou dize ro nome por que Cacá censurou(heaiuhaeihaeihae). É tão gostoso imaginar que é possível ver alguém que você gosta assim ,em situações de banalidade. Ah, também é bom e simples ficar contente com um sorriso de uma pessoa que você tentou ajudar e que reconhece isso de maneira positiva. É, certos sorrisos podem salvar almas. Por isso que eu ria sem conseguir parar, Juliana.
Gosto também de entrar em casa e receber a ligação da minha namorada, Prussiana. Beijo de boa noite. É bom. Aí, eu entro no msn e faço piadas engraçadas com meu amigo Marcos( e consegui arrancar um palavrão dele!):
Marcos diz:
cê tem que me ver com aqueles cupins/bichinhos de luz
Marcos diz:
eles vêm aos batalhões
Marcos diz:
e ficam batendo na minha cane
Marcos diz:
*cara
Marcos diz:
eu endoido
So they say...[SPSS Training]] diz:
huieahiaeuha
So they say...[SPSS Training]] diz:
é pq vc é um bichinho que nem eles, só que maior
So they say...[SPSS Training]] diz:
aí eles te chamam de mãe
Marcos diz:
eu encarno a bonequicha com a avaiana de pau
Marcos diz:
dou piti e saio matando
So they say...[SPSS Training]] diz:
não mate seus filhos!!
Marcos diz:
meus filhos o caralho!
(sim, ele disse isso.)
Enfim... ;D
Mas não me interesso apenas por isso. Quer dizer, eu realmente gosto das coisas simples, a despeito do que vocês devem estar pensando agora - afinal, teoria da complexidade, fenomenologia, existencialismo e paradigma do dom são coisas um tanto abstratas; as vezes as pessoas associam coisas simples a coisas não-abstratas, mas eu não penso assim. Enfim, eu ainda gosto de coisas engraçadas mesmo. Como imaginar que aquele volume na rede de uma casa de muro esburacado e portão de aço repousava minha amiga Cacá. Sim, por que dá pra ver a frente da casa dela quando passo de ônibus pela avenida que eu não vou dize ro nome por que Cacá censurou(heaiuhaeihaeihae). É tão gostoso imaginar que é possível ver alguém que você gosta assim ,em situações de banalidade. Ah, também é bom e simples ficar contente com um sorriso de uma pessoa que você tentou ajudar e que reconhece isso de maneira positiva. É, certos sorrisos podem salvar almas. Por isso que eu ria sem conseguir parar, Juliana.
Gosto também de entrar em casa e receber a ligação da minha namorada, Prussiana. Beijo de boa noite. É bom. Aí, eu entro no msn e faço piadas engraçadas com meu amigo Marcos( e consegui arrancar um palavrão dele!):
Marcos diz:
cê tem que me ver com aqueles cupins/bichinhos de luz
Marcos diz:
eles vêm aos batalhões
Marcos diz:
e ficam batendo na minha cane
Marcos diz:
*cara
Marcos diz:
eu endoido
So they say...[SPSS Training]] diz:
huieahiaeuha
So they say...[SPSS Training]] diz:
é pq vc é um bichinho que nem eles, só que maior
So they say...[SPSS Training]] diz:
aí eles te chamam de mãe
Marcos diz:
eu encarno a bonequicha com a avaiana de pau
Marcos diz:
dou piti e saio matando
So they say...[SPSS Training]] diz:
não mate seus filhos!!
Marcos diz:
meus filhos o caralho!
(sim, ele disse isso.)
Enfim... ;D
sexta-feira, 19 de outubro de 2007
Apenas um sonho.
Eu vim para falar Dele a vocês todos,
E lhes dizer o modo como abrigá-Lo no seu seio,
E ensinar a disciplina que atrai a Sua graça.
E àqueles de vocês que me pediram
Que os guiasse até perante o meu Amado,
A esses aconselho na voz de meu silentes pensamentos,
Ou lhes falo sutilmente com o olhar,
Ou sussurro mediante o meu amor,
Ou advirto em voz alta, se caminham para longe Dele.
Quando, porém, eu me tornar apenas uma lembrança,
Uma imagem mental ou a voz que fala no silêncio,
Quando nenhum apelo terreno for capaz de revelar
Onde me encontro no espaço insondável,
Quando nem leves súplicas nem persistentes gritos de comando
me façam responder,
Sorrirei em suas mentes quando agirem certo,
E, quando errarem, meus olhos vão chorar,
Acompanhando vocês desde tênue escuridão,
E é possível que eu chore com seus olhos.
E lhes sussurrarei em suas consciências,
E na razão de vocês eu raciocinarei,
E amarei a todos por meio de seu próprio amor,.
E quando já não possam conversar comigo,
Leiam os meus sussurros da Eternidade;
Por meio deles eu lhes falo eternamente.
Despercebido, caminharei ao lado de vocês
E os protegerei com braços invisíveis.
E assim que conhecerem meu Amado
E ouvirem no silêncio a Sua voz,
Vão me reconhecer de um modo mais tengível
Do que me conheceram neste plano terreno.
E quando eu for, para vocês, apenas um sonho,
Virei para lembrá-los de que vocês também
São nada mais que um sonho do Amado Celestial;
E ao se reconhecerem como sonho - tal qual eu sei agora-
Nele estaremos despertos para sempre.
Paramahansa Yogananda.
E lhes dizer o modo como abrigá-Lo no seu seio,
E ensinar a disciplina que atrai a Sua graça.
E àqueles de vocês que me pediram
Que os guiasse até perante o meu Amado,
A esses aconselho na voz de meu silentes pensamentos,
Ou lhes falo sutilmente com o olhar,
Ou sussurro mediante o meu amor,
Ou advirto em voz alta, se caminham para longe Dele.
Quando, porém, eu me tornar apenas uma lembrança,
Uma imagem mental ou a voz que fala no silêncio,
Quando nenhum apelo terreno for capaz de revelar
Onde me encontro no espaço insondável,
Quando nem leves súplicas nem persistentes gritos de comando
me façam responder,
Sorrirei em suas mentes quando agirem certo,
E, quando errarem, meus olhos vão chorar,
Acompanhando vocês desde tênue escuridão,
E é possível que eu chore com seus olhos.
E lhes sussurrarei em suas consciências,
E na razão de vocês eu raciocinarei,
E amarei a todos por meio de seu próprio amor,.
E quando já não possam conversar comigo,
Leiam os meus sussurros da Eternidade;
Por meio deles eu lhes falo eternamente.
Despercebido, caminharei ao lado de vocês
E os protegerei com braços invisíveis.
E assim que conhecerem meu Amado
E ouvirem no silêncio a Sua voz,
Vão me reconhecer de um modo mais tengível
Do que me conheceram neste plano terreno.
E quando eu for, para vocês, apenas um sonho,
Virei para lembrá-los de que vocês também
São nada mais que um sonho do Amado Celestial;
E ao se reconhecerem como sonho - tal qual eu sei agora-
Nele estaremos despertos para sempre.
Paramahansa Yogananda.
sábado, 13 de outubro de 2007
Parabéns
Parabéns para mim, que tenho me aguentado por todos esses 20 anos e ainda conseguido me amar! =P hahaha
Parabéns também por sobreviver a esse mundo e pela tentativa de desdobrá-lo em algo melhor.
E aos leitores deste blog, um imenso OBRIGADO pela paciência, compreensão e pelo carinho de ler direitinho as coisas que eu escrevo! É importante para mim. ^^
"... crê que não o alcança
quando já o tem à mão."
Manuel Bandeira.
;**
Parabéns também por sobreviver a esse mundo e pela tentativa de desdobrá-lo em algo melhor.
E aos leitores deste blog, um imenso OBRIGADO pela paciência, compreensão e pelo carinho de ler direitinho as coisas que eu escrevo! É importante para mim. ^^
"... crê que não o alcança
quando já o tem à mão."
Manuel Bandeira.
;**
segunda-feira, 8 de outubro de 2007
Soneto do Abismo.
Minhas palavras são como um eco distante
no ritmo caótico das batidas de um coração.
Elas nada dizem a quem não escuta, e nada
acrescentam aos que já sabem de tudo.
É como o vazio que brota ao se admirar o céu
cheio de estrelas e não sentir em si nenhuma.
A inveja de ouvir as mais belas músicas e possuir
dentro de si os mais estranhos ruídos.
Que não são felizes as minhas palavras, posto
que elas procuram transpor o intransponível,
dizer o indizível e pensar o impensável.
Nada além de um barulhento eco do meu sentir,
pobres são as palavras desgarradas de mim.
Palavras que soltas ao vento morrem sem explicação.
Raphael.
no ritmo caótico das batidas de um coração.
Elas nada dizem a quem não escuta, e nada
acrescentam aos que já sabem de tudo.
É como o vazio que brota ao se admirar o céu
cheio de estrelas e não sentir em si nenhuma.
A inveja de ouvir as mais belas músicas e possuir
dentro de si os mais estranhos ruídos.
Que não são felizes as minhas palavras, posto
que elas procuram transpor o intransponível,
dizer o indizível e pensar o impensável.
Nada além de um barulhento eco do meu sentir,
pobres são as palavras desgarradas de mim.
Palavras que soltas ao vento morrem sem explicação.
Raphael.
quarta-feira, 3 de outubro de 2007
Poemeto metido a modernista.
3 da manhã.
... E os meus olhos parecem janelas:
- Já são três da manhã!
Disse ela.
Mas, de que me importam as horas,
se a luz não cessa?
...
... E os meus olhos parecem janelas:
- Já são três da manhã!
Disse ela.
Mas, de que me importam as horas,
se a luz não cessa?
...
quarta-feira, 26 de setembro de 2007
segunda-feira, 24 de setembro de 2007
quinta-feira, 20 de setembro de 2007
Por que as palavras têm sentido.
"walk with me
and change the world we see
we'll cease to be
just people passing by
home is where we all get by
you don't have to walk their way
you don't have to watch the show
you don't have to play their game
and you don't have to die to leave entropia
you don't have to cry for more
you don't have to have it all
you don't have to win a war
if death is but a dream
then don't let me......fall asleep" PoS
and change the world we see
we'll cease to be
just people passing by
home is where we all get by
you don't have to walk their way
you don't have to watch the show
you don't have to play their game
and you don't have to die to leave entropia
you don't have to cry for more
you don't have to have it all
you don't have to win a war
if death is but a dream
then don't let me......fall asleep" PoS
quinta-feira, 13 de setembro de 2007
Perhaps love...
Perhaps love is like a resting place,
a shelter from the storm
It exists to give you comfort,
it is there to keep you warm
And in those times of trouble
when you are most alone
The memory of love will bring you home.
Perhaps love is like a window,
perhaps an open door
It invites you to come closer,
it wants to show you more
And even if you lose yourself
and don't know what to do
The memory of love will see you through
Oh love to some is like a cloud,
to some as strong as steel
For some a way of living,
for some a way to feel
And some say love is holding on
and some say letting go
And some say love is everything,
and some say they don't know
Perhaps love is like the ocean,
full of conflict, full of pain
Like a fire when it's cold outside,
thunder when it rains
If I should live forever,
and all my dreams come true
My memories of love will be of you.
John Denver e Plácido Domingo.
a shelter from the storm
It exists to give you comfort,
it is there to keep you warm
And in those times of trouble
when you are most alone
The memory of love will bring you home.
Perhaps love is like a window,
perhaps an open door
It invites you to come closer,
it wants to show you more
And even if you lose yourself
and don't know what to do
The memory of love will see you through
Oh love to some is like a cloud,
to some as strong as steel
For some a way of living,
for some a way to feel
And some say love is holding on
and some say letting go
And some say love is everything,
and some say they don't know
Perhaps love is like the ocean,
full of conflict, full of pain
Like a fire when it's cold outside,
thunder when it rains
If I should live forever,
and all my dreams come true
My memories of love will be of you.
John Denver e Plácido Domingo.
quarta-feira, 12 de setembro de 2007
Mini-ensaio.
Devido ao post da minha namorada, resolvi colocar um texto meu que talvez acrescente algo à compreensão dessa "sociedade muito difícil". Esse texto foi o trabalho final da disciplina "Democracia e Direitos Humanos", ministrada pelo professor Luciano Oliveira, da UFPE. O texto tem um pouco mai de cinco páginas. Peço perdão a quem não tem tempo disponível para lê-lo completamente. Aos que podem ler, espero uma leitura crítica e comentários, ok?
Pretendo problematizar aqui uma discussão que considero das mais importantes relativas à atualidade da idéia de Direitos Humanos: Existem fatores que expliquem o fato de que os cidadãos estão dispostos a perder parte de sua relativa liberdade diante do Estado moderno em prol de um Estado mais punitivo, vigilante e severo em relação aos crimes, ou algo que represente segurança? Tenho consciência da infinitude de variáveis observáveis que são necessárias a uma resposta completa à questão levantada, além de que “cidadãos” é um termo bastante abrangente. Cada diferente cultura deve ajudar a moldar diferentes “porquês”; a cultura brasileira, no âmbito da política, é bem diferente da cultura inglesa, que, por sua vez, diverge da norte-americana.
Apesar da diversidade dos fatores a serem estudados, aqui pretendo me deter a apenas um; e este pode ser considerado geral entre as democracias do ocidente. Procurarei expor a evolução do conceito de liberdade nos ideais de democracia até a atualidade; de modo a encontrar na idéia de liberdade atual uma possível deturpação que explique a base dos comportamentos que se apresentam em vários países como o Brasil. Estes comportamentos podem ser sintetizados no abandono da razão sociológica em relação às causas da criminalidade – hipótese levantada no ensaio “Neo-nazismo e Neo-miséria”, escrito por Luciano Oliveira, professor da UFPE -, na hostilidade dos cidadãos “normais” para com os indivíduos que o mesmo professor chama de “excluídos”(indivíduos que não encontrar lugar na sociedade mesmo entre a casse dos explorados, dificultando a visão dualista de “exploradores versus explorados”) e na simpatia da sociedade, ou, ao menos, dos meios de comunicação de massas às medidas autoritárias que são propostas por segmentos reacionários da sociedade ao Estado.
Começando pela evolução da idéia de liberdade, trabalharei aqui com dois conceitos distintos da mesma: liberdade “positiva” e liberdade “negativa”; conceitos elaborados por Isaiah Berlin no livro “Quatro ensaios sobre a liberdade”. Estes conceitos são dicotômicos, ou seja, excludentes; a valorização de um diminui o valor do outro.
Como observa Sartori, a antiguidade clássica possuía uma noção de liberdade diferente da república. Na democracia grega pouco havia um Estado no sentido moderno do termo, pois os cidadãos se autogovernavam. A democracia direta proporcionava-lhes a liberdade política; eles detinham o poder de agir de acordo com seus interesses e moldar o governo: é que a democracia grega girava em torno da polis: “Tucídides definiu-a com três palavras: (...) os homens é que são a cidade” (Sartori, 94. P. 35). A polis representava a simbiose entre os homens e a política. Era uma democracia participativa. Os cidadãos tinham a liberdade de participar do jogo democrático, baseado, como em alguns casos, em sorteios para se eleger representantes. Governantes e governados interagiam face a face. Ou seja, na democracia direta, os cidadãos exerciam seu poder político; incorporavam a polis. A liberdade, para eles, resultava da possibilidade da ação.
Porém, para os gregos, não existia a distinção entre as esferas “pública” e “privada”. O Estado moderno consiste numa ordem que limita e controla o poder. Alguns fatos históricos, como os adventos do cristianismo, do humanismo e da Reforma Protestante trouxeram uma nova noção de indivíduo; noção esta que diferenciava o indivíduo do Estado. A idéia de propriedade privada ganhava corpo e ajudava a desenvolver um novo conceito de liberdade: a liberdade individual. Para Locke, o Estado deve garantir ao indivíduo o direito à propriedade privada; esta conquistada pelo trabalho. Porém, este mesmo autor considera livre apenas o indivíduo que se submete aos grilhões estatais.
É em Benjamin Constant que aparece pela primeira vez a discrepância das duas formas de liberdade individual expostas aqui: a liberdade do indivíduo restringida pelo Estado, e a liberdade do indivíduo de interagir com o Estado. Este autor “percebeu que o principal problema para os que desejam liberdade ‘negativa’ não é quem controla essa autoridade, mas sim, quanta autoridade é depositada naquele par de mãos” (Berlin, 97. P. 164). Agora fica mais fácil explicar a partir de Berlin dois distintos conceitos de liberdade: A liberdade “positiva” é a liberdade à grega, do indivíduo agir como sujeito do governo – de transformá-lo. A liberdade “negativa” consiste na liberdade individual em relação ao Estado opressor e controlador, é o primado do privado sobre o público: a luta pela autonomia do indivíduo.
Com o passar da história, os defensores da liberdade “negativa”; muitos dos idealizadores do liberalismo (defensores de que o indivíduo necessita gozar de uma liberdade mínima em relação ao Estado) difundiram suas idéias em torno das novas democracias que se formavam. O melhor exemplo a citar é o caso da constituição americana de 1787, que promulgava uma democracia indireta – representativa – como forma de governo. Os defensores dessa constituição ficaram conhecidos como “Os Federalistas”. Estes arcavam com a defesa do indivíduo em relação ao Estado de uma maneira assaz inovadora. A bandeira de luta contra a formação de facções, de partidos ou qualquer forma de associação política que pudesse gerar desigualdade, no sentido de que um grupo pode impor-se a outro: de que as maiorias podem solapar as minorias é a marca do federalismo. Uma de suas medidas mais intrigantes na defesa da liberdade “negativa” é a questão proposta por Madison, um dos legisladores da constituição federalista: “A ambição será incentivada para enfrentar a ambição. Os interesses pessoais serão associados aos direitos constitucionais” (“O Federalista”, n. 51). Essa solução de tom um tanto contra-intuitivo para o problema das facções tem como expectativa a neutralização das múltiplas vontades individuais; a “paz” gerada pela abundância da “guerra”: garantindo a liberdade das facções, a disputa maciça entre elas acabaria por neutralizar suas influências institucionais: não haveria uma facção tão poderosa a ponto de suplantar qualquer liberdade individual.
É mesmo sobre esta premissa federalista que surgem algumas das mais consistentes críticas à constituição de 1787, por parte dos “antifederalistas”: a ambição contraposta à ambição pode gerar uma guerra de opiniões que nem sempre se contorna facilmente. O sistema de “freios e contrapesos” pode ser degenerado, viciado, em caso do andamento das decisões públicas, que, ao evitarem a opressão, podem favorecer, em contrapartida, o “mútuo bloqueio” entre os poderes. Outra crítica era a que o governo representativo era de corte “aristocrático” e segregava o povo de seus representantes: admitia-lhes demasiada distância. Com isso, haveria o enfraquecimento da virtude cívica, e talvez acarretasse nos problemas trazidos à tona por Schumpeter: a relativa perda de liberdade “positiva” ou liberdade da ação através do primado da liberdade “negativa”.
Para Schumpeter, a democracia passa a sofrer uma grande baixa no sentido da atitude cívica graças à expansão do mercado e a reprodução ideológica (no sentido de inversão da consciência) da teoria democrática clássica. Esta crítica se emparelha com a crítica antifederalista acerca da segregação entre o indivíduo, o governado, e seus representantes, os governantes. Os homens passam a não mais discutir política no sentido mais racional, pois esta é excluída do seu conceito de liberdade (liberdade adquire o sentido de ser livre da intervenção do Estado, e não mais para a intervenção no Estado). Schumpeter ainda acrescenta que prevalece a liberdade individual, e, como é afirmado mesmo na literatura liberal, um povo que não participa arruína o esquema representativo como democracia.
As idéias de Schumpeter são elucidadoras da questão política atual. As críticas ao federalismo e ao liberalismo concretizam-se, na medida em que a participação do povo na política diminui. Hoje, a política diz respeito cada vez mais aos políticos e cada vez menos aos cidadãos.
Creio que a falta da participação do povo numa democracia, o que pode soar bastante cômico, embora seja trágico, pode influenciar a frágil razão sociológica que explica o crime. “Se os assuntos do governo dizem respeito ao governo, eles que tratem de ser eficazes! Eu já voto”. Esta e outras frases, que afirmam que o Estado deve agir de tal maneira ou de outra são bastante recorrentes no Brasil. A crítica é bastante presente, em detrimento da ação (liberdade “positiva”). Isso ligado ao “pavor” que as sociedades costumam ter do excluído, do inadaptado ao sistema, para usar um termo antropológico, produz qualquer forma imediatista de sanar os problemas sociais. As pessoas querem que o crime e as contradições sociais desapareçam num piscar de olhos, para que elas possam viver confortáveis a ilusão de uma democracia da qual elas não fazem parte. Ao menos no Brasil isso pode ser notado. A liberdade “negativa”, mal contextualizada, admite que cada indivíduo siga sua vida do jeito que quer, seguindo apenas à lei, e nada parece ser mais forte que essa lógica. Se um Estado punitivo, vigilante, violento ou exterminador se impõe como solução às contradições sociais, que seja! Este Estado, devem pensar as pessoas, punirá apenas os outros – os excluídos. É como se ouve muito nos bares, nas casas e reuniões de família: “Bom mesmo era na época da ditadura! Bandido não tinha vez!”.
Embora essa paixão pela ordem a qualquer preço possa ser muito bem explicada por Roberto daMatta, em “ Você sabe com quem está falando?”, creio que se encaixa nesse discurso reacionário um certo desprezo pelo direito humano de resistência à opressão. Talvez por uma ilusão cabal de que a opressão se restringe ao outro, a alguém que não é da família ou que não comunga dos valores da ordem. A razão sociológica não resiste a tantos argumentos emotivos; desaparece em casos como o do menino João Hélio, ou dos meninos da praça da Sé em São Paulo, como mostra Luciano Oliveira em seu ensaio “A cara a tapa”. A razão sociológica que vai buscar no seio das contradições sociais as causas do crime é planta que demora a ser colhida, portanto, ao menos a alguns segmentos da mídia, dispensável.
Referências Bibliográficas
· SARTORI, Giovanni. A Teoria da Democracia Revisada. Volume 2. São Paulo: Ática S.A, 1994.
· BERLIN, Isaiah. Quatro Ensaios Sobre a Liberdade. Brasília: Universidade de Brasília, 1997
· SCHUMPETER, Joseph. Socialismo e Democracia. Capítulo XXI.
· OLIVEIRA, Luciano. Neo-Miséria e Neo-Nazismo. Uma revisita à crítica à razão dualista. Revista Política Hoje. nº 4 e 5. Recife, 1995.
· Idem. “A cara à tapa”; ensaio mandado por e-mail aos alunos do curso de Democracia e Direitos Humanos.
Pretendo problematizar aqui uma discussão que considero das mais importantes relativas à atualidade da idéia de Direitos Humanos: Existem fatores que expliquem o fato de que os cidadãos estão dispostos a perder parte de sua relativa liberdade diante do Estado moderno em prol de um Estado mais punitivo, vigilante e severo em relação aos crimes, ou algo que represente segurança? Tenho consciência da infinitude de variáveis observáveis que são necessárias a uma resposta completa à questão levantada, além de que “cidadãos” é um termo bastante abrangente. Cada diferente cultura deve ajudar a moldar diferentes “porquês”; a cultura brasileira, no âmbito da política, é bem diferente da cultura inglesa, que, por sua vez, diverge da norte-americana.
Apesar da diversidade dos fatores a serem estudados, aqui pretendo me deter a apenas um; e este pode ser considerado geral entre as democracias do ocidente. Procurarei expor a evolução do conceito de liberdade nos ideais de democracia até a atualidade; de modo a encontrar na idéia de liberdade atual uma possível deturpação que explique a base dos comportamentos que se apresentam em vários países como o Brasil. Estes comportamentos podem ser sintetizados no abandono da razão sociológica em relação às causas da criminalidade – hipótese levantada no ensaio “Neo-nazismo e Neo-miséria”, escrito por Luciano Oliveira, professor da UFPE -, na hostilidade dos cidadãos “normais” para com os indivíduos que o mesmo professor chama de “excluídos”(indivíduos que não encontrar lugar na sociedade mesmo entre a casse dos explorados, dificultando a visão dualista de “exploradores versus explorados”) e na simpatia da sociedade, ou, ao menos, dos meios de comunicação de massas às medidas autoritárias que são propostas por segmentos reacionários da sociedade ao Estado.
Começando pela evolução da idéia de liberdade, trabalharei aqui com dois conceitos distintos da mesma: liberdade “positiva” e liberdade “negativa”; conceitos elaborados por Isaiah Berlin no livro “Quatro ensaios sobre a liberdade”. Estes conceitos são dicotômicos, ou seja, excludentes; a valorização de um diminui o valor do outro.
Como observa Sartori, a antiguidade clássica possuía uma noção de liberdade diferente da república. Na democracia grega pouco havia um Estado no sentido moderno do termo, pois os cidadãos se autogovernavam. A democracia direta proporcionava-lhes a liberdade política; eles detinham o poder de agir de acordo com seus interesses e moldar o governo: é que a democracia grega girava em torno da polis: “Tucídides definiu-a com três palavras: (...) os homens é que são a cidade” (Sartori, 94. P. 35). A polis representava a simbiose entre os homens e a política. Era uma democracia participativa. Os cidadãos tinham a liberdade de participar do jogo democrático, baseado, como em alguns casos, em sorteios para se eleger representantes. Governantes e governados interagiam face a face. Ou seja, na democracia direta, os cidadãos exerciam seu poder político; incorporavam a polis. A liberdade, para eles, resultava da possibilidade da ação.
Porém, para os gregos, não existia a distinção entre as esferas “pública” e “privada”. O Estado moderno consiste numa ordem que limita e controla o poder. Alguns fatos históricos, como os adventos do cristianismo, do humanismo e da Reforma Protestante trouxeram uma nova noção de indivíduo; noção esta que diferenciava o indivíduo do Estado. A idéia de propriedade privada ganhava corpo e ajudava a desenvolver um novo conceito de liberdade: a liberdade individual. Para Locke, o Estado deve garantir ao indivíduo o direito à propriedade privada; esta conquistada pelo trabalho. Porém, este mesmo autor considera livre apenas o indivíduo que se submete aos grilhões estatais.
É em Benjamin Constant que aparece pela primeira vez a discrepância das duas formas de liberdade individual expostas aqui: a liberdade do indivíduo restringida pelo Estado, e a liberdade do indivíduo de interagir com o Estado. Este autor “percebeu que o principal problema para os que desejam liberdade ‘negativa’ não é quem controla essa autoridade, mas sim, quanta autoridade é depositada naquele par de mãos” (Berlin, 97. P. 164). Agora fica mais fácil explicar a partir de Berlin dois distintos conceitos de liberdade: A liberdade “positiva” é a liberdade à grega, do indivíduo agir como sujeito do governo – de transformá-lo. A liberdade “negativa” consiste na liberdade individual em relação ao Estado opressor e controlador, é o primado do privado sobre o público: a luta pela autonomia do indivíduo.
Com o passar da história, os defensores da liberdade “negativa”; muitos dos idealizadores do liberalismo (defensores de que o indivíduo necessita gozar de uma liberdade mínima em relação ao Estado) difundiram suas idéias em torno das novas democracias que se formavam. O melhor exemplo a citar é o caso da constituição americana de 1787, que promulgava uma democracia indireta – representativa – como forma de governo. Os defensores dessa constituição ficaram conhecidos como “Os Federalistas”. Estes arcavam com a defesa do indivíduo em relação ao Estado de uma maneira assaz inovadora. A bandeira de luta contra a formação de facções, de partidos ou qualquer forma de associação política que pudesse gerar desigualdade, no sentido de que um grupo pode impor-se a outro: de que as maiorias podem solapar as minorias é a marca do federalismo. Uma de suas medidas mais intrigantes na defesa da liberdade “negativa” é a questão proposta por Madison, um dos legisladores da constituição federalista: “A ambição será incentivada para enfrentar a ambição. Os interesses pessoais serão associados aos direitos constitucionais” (“O Federalista”, n. 51). Essa solução de tom um tanto contra-intuitivo para o problema das facções tem como expectativa a neutralização das múltiplas vontades individuais; a “paz” gerada pela abundância da “guerra”: garantindo a liberdade das facções, a disputa maciça entre elas acabaria por neutralizar suas influências institucionais: não haveria uma facção tão poderosa a ponto de suplantar qualquer liberdade individual.
É mesmo sobre esta premissa federalista que surgem algumas das mais consistentes críticas à constituição de 1787, por parte dos “antifederalistas”: a ambição contraposta à ambição pode gerar uma guerra de opiniões que nem sempre se contorna facilmente. O sistema de “freios e contrapesos” pode ser degenerado, viciado, em caso do andamento das decisões públicas, que, ao evitarem a opressão, podem favorecer, em contrapartida, o “mútuo bloqueio” entre os poderes. Outra crítica era a que o governo representativo era de corte “aristocrático” e segregava o povo de seus representantes: admitia-lhes demasiada distância. Com isso, haveria o enfraquecimento da virtude cívica, e talvez acarretasse nos problemas trazidos à tona por Schumpeter: a relativa perda de liberdade “positiva” ou liberdade da ação através do primado da liberdade “negativa”.
Para Schumpeter, a democracia passa a sofrer uma grande baixa no sentido da atitude cívica graças à expansão do mercado e a reprodução ideológica (no sentido de inversão da consciência) da teoria democrática clássica. Esta crítica se emparelha com a crítica antifederalista acerca da segregação entre o indivíduo, o governado, e seus representantes, os governantes. Os homens passam a não mais discutir política no sentido mais racional, pois esta é excluída do seu conceito de liberdade (liberdade adquire o sentido de ser livre da intervenção do Estado, e não mais para a intervenção no Estado). Schumpeter ainda acrescenta que prevalece a liberdade individual, e, como é afirmado mesmo na literatura liberal, um povo que não participa arruína o esquema representativo como democracia.
As idéias de Schumpeter são elucidadoras da questão política atual. As críticas ao federalismo e ao liberalismo concretizam-se, na medida em que a participação do povo na política diminui. Hoje, a política diz respeito cada vez mais aos políticos e cada vez menos aos cidadãos.
Creio que a falta da participação do povo numa democracia, o que pode soar bastante cômico, embora seja trágico, pode influenciar a frágil razão sociológica que explica o crime. “Se os assuntos do governo dizem respeito ao governo, eles que tratem de ser eficazes! Eu já voto”. Esta e outras frases, que afirmam que o Estado deve agir de tal maneira ou de outra são bastante recorrentes no Brasil. A crítica é bastante presente, em detrimento da ação (liberdade “positiva”). Isso ligado ao “pavor” que as sociedades costumam ter do excluído, do inadaptado ao sistema, para usar um termo antropológico, produz qualquer forma imediatista de sanar os problemas sociais. As pessoas querem que o crime e as contradições sociais desapareçam num piscar de olhos, para que elas possam viver confortáveis a ilusão de uma democracia da qual elas não fazem parte. Ao menos no Brasil isso pode ser notado. A liberdade “negativa”, mal contextualizada, admite que cada indivíduo siga sua vida do jeito que quer, seguindo apenas à lei, e nada parece ser mais forte que essa lógica. Se um Estado punitivo, vigilante, violento ou exterminador se impõe como solução às contradições sociais, que seja! Este Estado, devem pensar as pessoas, punirá apenas os outros – os excluídos. É como se ouve muito nos bares, nas casas e reuniões de família: “Bom mesmo era na época da ditadura! Bandido não tinha vez!”.
Embora essa paixão pela ordem a qualquer preço possa ser muito bem explicada por Roberto daMatta, em “ Você sabe com quem está falando?”, creio que se encaixa nesse discurso reacionário um certo desprezo pelo direito humano de resistência à opressão. Talvez por uma ilusão cabal de que a opressão se restringe ao outro, a alguém que não é da família ou que não comunga dos valores da ordem. A razão sociológica não resiste a tantos argumentos emotivos; desaparece em casos como o do menino João Hélio, ou dos meninos da praça da Sé em São Paulo, como mostra Luciano Oliveira em seu ensaio “A cara a tapa”. A razão sociológica que vai buscar no seio das contradições sociais as causas do crime é planta que demora a ser colhida, portanto, ao menos a alguns segmentos da mídia, dispensável.
Referências Bibliográficas
· SARTORI, Giovanni. A Teoria da Democracia Revisada. Volume 2. São Paulo: Ática S.A, 1994.
· BERLIN, Isaiah. Quatro Ensaios Sobre a Liberdade. Brasília: Universidade de Brasília, 1997
· SCHUMPETER, Joseph. Socialismo e Democracia. Capítulo XXI.
· OLIVEIRA, Luciano. Neo-Miséria e Neo-Nazismo. Uma revisita à crítica à razão dualista. Revista Política Hoje. nº 4 e 5. Recife, 1995.
· Idem. “A cara à tapa”; ensaio mandado por e-mail aos alunos do curso de Democracia e Direitos Humanos.
domingo, 2 de setembro de 2007
...de Pandora
Pra quem não sabe, eu tenho umas caixas de Pandora aqui, espalhadas pela minha casa. Só que essas caixas são meio diferentes. Ao abri-las, as dores do mundo saem, flertam com suas dores e levam-nas de volta à caixa. É como o abrir e fechar de um caderno. Aqui, em homenagem a Marcos, vai um micro-conto no estilo.
Em um desses dias marcados pela solidão, dobrei a esquina da amargura e dei de cara com o diabo: sujeito belo e bem vestido; elegante, segundo os aspectos da moda contemporânea. Como se minha vida, naquele instante, de nada valesse; como se precisasse pôr à prova a minha insanidade, provocando-o, perguntei: "De que vale a vã vaidade dos hipócritas"? Enquanto sua imensa testa franzia em tom de desafio, ele retrucava: "Tanto quanto o espelho que te reflete todas as manhãs". De repente, me vi diante de um grande espelho de bordas douradas. A luz do meio-dia alimentou tais bordas -que reluziam, reluziam, reluziam... Uma voz dentro da minha cabeça sussurrava: "Incômoda a verdade à luz do dia?"
Meu reflexo me encarava através do espelho: meu rosto ficava cada vez mais cadavérico. Pude notar minhas fundas olheiras de insônia e cansaço; meus dentes amarelados do cotidiano café: é trágico o vislumbre do efêmero... Mergulhado em meu reflexo, pude assistir a todos os dias do meu tormento. Para cada sentimento reprimido no íntimo; para cada amor abandonado por faltar coragem, uma cicatriz surgia em meu rosto. Os dias em que eu não agi me fizeram quebrar todos os dedos das mãos, e no meu peito, uma cruz à sangue e fogo emergia à minha superfície. Atordoado, pensei: "Um pouco de verdade...". Aos meus olhos restaram o incontestável branco de uma cegueira irreversível. As cicatrizes, os cortes, a minha carne tosca: o meu rosto, irreconhecível: destroçado: distorcido: disforme. A agonia...
Gargalhei loucamente: enfim, havia compreendido. E o diabo, assustado, estalou os dedos no desfazer da ilusão. Chegou ao chão, onde eu me encontrava ajoelhado, e ofereceu-me um espelho de mão. Minha gargalhada cessou: recusei o espelho e levantei-me. Olhei nos olhos do diabo, que, intrigado com minha reação, perguntou-me: " De que vale o espelho que te reflete todas as manhãs"? Com ares de vitória, respondi-lhe, como riso que brota da ponta da língua: " NADA".
By Raphael Soares Bezerra. 11 de janeiro de 2007
Em um desses dias marcados pela solidão, dobrei a esquina da amargura e dei de cara com o diabo: sujeito belo e bem vestido; elegante, segundo os aspectos da moda contemporânea. Como se minha vida, naquele instante, de nada valesse; como se precisasse pôr à prova a minha insanidade, provocando-o, perguntei: "De que vale a vã vaidade dos hipócritas"? Enquanto sua imensa testa franzia em tom de desafio, ele retrucava: "Tanto quanto o espelho que te reflete todas as manhãs". De repente, me vi diante de um grande espelho de bordas douradas. A luz do meio-dia alimentou tais bordas -que reluziam, reluziam, reluziam... Uma voz dentro da minha cabeça sussurrava: "Incômoda a verdade à luz do dia?"
Meu reflexo me encarava através do espelho: meu rosto ficava cada vez mais cadavérico. Pude notar minhas fundas olheiras de insônia e cansaço; meus dentes amarelados do cotidiano café: é trágico o vislumbre do efêmero... Mergulhado em meu reflexo, pude assistir a todos os dias do meu tormento. Para cada sentimento reprimido no íntimo; para cada amor abandonado por faltar coragem, uma cicatriz surgia em meu rosto. Os dias em que eu não agi me fizeram quebrar todos os dedos das mãos, e no meu peito, uma cruz à sangue e fogo emergia à minha superfície. Atordoado, pensei: "Um pouco de verdade...". Aos meus olhos restaram o incontestável branco de uma cegueira irreversível. As cicatrizes, os cortes, a minha carne tosca: o meu rosto, irreconhecível: destroçado: distorcido: disforme. A agonia...
Gargalhei loucamente: enfim, havia compreendido. E o diabo, assustado, estalou os dedos no desfazer da ilusão. Chegou ao chão, onde eu me encontrava ajoelhado, e ofereceu-me um espelho de mão. Minha gargalhada cessou: recusei o espelho e levantei-me. Olhei nos olhos do diabo, que, intrigado com minha reação, perguntou-me: " De que vale o espelho que te reflete todas as manhãs"? Com ares de vitória, respondi-lhe, como riso que brota da ponta da língua: " NADA".
By Raphael Soares Bezerra. 11 de janeiro de 2007
quinta-feira, 30 de agosto de 2007
Cotidiano
Hoje foi um dia bastante cansativo. Acordei às sete da manhã pra digitar um ensaio. Quando acabei, almocei macarrão e tava meio sem gosto. Fui pra universidade, esperei junto aos outros alunos pela chegada do professor e este chegou atrasado em mais de meia hora. Ele começou a recolher os ensaios, nome a nome, chamando os alunos e devolvendo-lhes a prova. Quando chegou a minha vez, minha prova estava com uma interrogação. Ele não tinha dado nota, aparentemente. Disse que eu tinha ficado com média 9,4. Pensei: "Nossa! Que legal!". Mas ao chegar em casa, vi que a nota lançada no email da turma era 8,2. Quase um vexame. Mas isso não é o mais importante. O mais importante, e sim, eu repito as palavras quantas vezes quiser, quiser, quiser, importante, impotente ou sei lá o que. Só sei que fiquei no diretório acadêmico estudando até a hora da aula à noite. Fui o primeiro a entregar o trabalho, que deveria ser em 3 páginas, mas eu escrevi 6. Falei ao professor: " Tem o dobro de palavras e eu ainda acho que não consegui dizer o que eu queria". Vocês sabem... Em meio a tantos conceitos, conceito,s conceitos... Depois que eu li, o insight pareceu desconexo com o texto. O.o Mas o professor não se importou em me dizer uma verdade: " Não esquente a cabeça com isso. Você terá uma vida toda pra dizer o que queria."
Tirando o cansaço de, aparentemente, viver uma vida e quase nunca dizer o que se quer, uma outra coisa brotava daquela frase. Algo no tom de voz, ou na forma como as palavras ganharam sentido: era a esperança.
Tirando o cansaço de, aparentemente, viver uma vida e quase nunca dizer o que se quer, uma outra coisa brotava daquela frase. Algo no tom de voz, ou na forma como as palavras ganharam sentido: era a esperança.
quinta-feira, 23 de agosto de 2007
Interior
Meu interior é salgado;
de tanto pranto que guardei.
Meu coração, por sentir demais,
é casa das sombras fugidias.
E o vento, por este, passa
como que luz a esgueirar
pela fresta de uma imensa
porta de chumbo.
Minha superfície é caótica
dos mares que enfrentou.
Meus olhos fechados causam
menos dano às coisas.
Que quando eles, implacáveis,
se erguem entre a luz e a escuridão,
então se faz o contato entre o mundo
e o meu interior:
Cada vez mais escuro, escuro, escuro...
O mundo.
de tanto pranto que guardei.
Meu coração, por sentir demais,
é casa das sombras fugidias.
E o vento, por este, passa
como que luz a esgueirar
pela fresta de uma imensa
porta de chumbo.
Minha superfície é caótica
dos mares que enfrentou.
Meus olhos fechados causam
menos dano às coisas.
Que quando eles, implacáveis,
se erguem entre a luz e a escuridão,
então se faz o contato entre o mundo
e o meu interior:
Cada vez mais escuro, escuro, escuro...
O mundo.
segunda-feira, 20 de agosto de 2007
Mais Manuel pra explicar ;D
Canção do suicida.
Não me matarei, meus amigos.
Não o farei, possivelmente.
Mas que tenho vontade, tenho.
Tenho, e, muito curiosamente,
com um tiro. Um tiro no ouvido,
vingança contra a condição
humana, ai de nós! sobre-humana
de ser dotado de razão.
............................................................................................................
(saudade)
Sonhei ter sonhado
que havia sonhado.
Em sonho lembrei-me
de um sonho passado:
o de ter sonhado
que estava sonhando.
Sonhei ter sonhado...
Ter sonhado o quê?
Que havia sonhado
Estar com você.
Estar? Ter estado,
que é tempo passado, mas
Um Sonho presente.
Um dia sonhei.
Chorei de repente,
pois vi, despertado,
que tinha sonhado.
As duas de Manuel.
..........................................................................................................
Me cansa a beleza dos corpos;
Das noites, das manhãs e de tudo
que os sentidos meus captam
com a tamanha clareza
de um crepúsculo afogado.
Água turva dos meus olhos,
que tende a ver os defeitos
da natureza humana perfeita.
Maldita seja, por mais que certa.
Os jardins cessam, as flores murcham.
O mar escurece. O céu emudece.
O mundo geométrico das certezas
é incerto e caótico. Meus olhos, fechados, sentem.
Meus olhos abertos insistem em ver
a beleza do transitório, mesmo sabendo
que sua eternidade é a ilusão primeira:
a memória perpétua dos pequenos instantes.
O domínio da dúvida me possui.
Como poderia algo partir de seu oposto?
De olhos que enxergam as desgraças mais
profundas, olhos condenados pelos conservadores
das ilusões... Como pode destes olhos brotar tamanha fé?
Esse é meu. Meu sentimento. ^^
Não me matarei, meus amigos.
Não o farei, possivelmente.
Mas que tenho vontade, tenho.
Tenho, e, muito curiosamente,
com um tiro. Um tiro no ouvido,
vingança contra a condição
humana, ai de nós! sobre-humana
de ser dotado de razão.
............................................................................................................
(saudade)
Sonhei ter sonhado
que havia sonhado.
Em sonho lembrei-me
de um sonho passado:
o de ter sonhado
que estava sonhando.
Sonhei ter sonhado...
Ter sonhado o quê?
Que havia sonhado
Estar com você.
Estar? Ter estado,
que é tempo passado, mas
Um Sonho presente.
Um dia sonhei.
Chorei de repente,
pois vi, despertado,
que tinha sonhado.
As duas de Manuel.
..........................................................................................................
Me cansa a beleza dos corpos;
Das noites, das manhãs e de tudo
que os sentidos meus captam
com a tamanha clareza
de um crepúsculo afogado.
Água turva dos meus olhos,
que tende a ver os defeitos
da natureza humana perfeita.
Maldita seja, por mais que certa.
Os jardins cessam, as flores murcham.
O mar escurece. O céu emudece.
O mundo geométrico das certezas
é incerto e caótico. Meus olhos, fechados, sentem.
Meus olhos abertos insistem em ver
a beleza do transitório, mesmo sabendo
que sua eternidade é a ilusão primeira:
a memória perpétua dos pequenos instantes.
O domínio da dúvida me possui.
Como poderia algo partir de seu oposto?
De olhos que enxergam as desgraças mais
profundas, olhos condenados pelos conservadores
das ilusões... Como pode destes olhos brotar tamanha fé?
Esse é meu. Meu sentimento. ^^
sexta-feira, 17 de agosto de 2007
Ainda assim...
... Em tudo que se faz, é possível colocar um pouco de alma. As palavras, os sons, tudo que ilumina e escurece... Nada que exija apenas forma - fórmula - consegue ter a beleza de um solo de jazz, por exemplo. É quando se vê um caminho reto, flerta-se com ele , passa-se pelos lados, pela margem. Vai e volta, de um lado pro outro, pula, gira, estremece; vai encontrar lá, na última nota de um fraseado, no último metro desse caminho , a retidão. E assim ela vale mais. Dar sentido às coisas.
A rosa.
Quem se arrima à rosa
não tem sombra.
Eu busquei a beleza
e o sol me queima.
A rosa.
Quem se arrima à rosa
não tem sombra.
Eu busquei a beleza
e o sol me queima.
E a vida,
Ah, a vida. A vida é um barril... de car-va-lho(!) submergida na imensidão de um mar... de whisky!
(=P)
(=P)
sexta-feira, 10 de agosto de 2007
Poemas para a vida.
LXXIX
De noite, amada, amarra teu coração ao meu
e que eles no sonho derrotem as trevas
como um duplo tambor combatendo no bosque
contra o espesso muro das folhas molhadas.
Noturna travessia, brasa negra do sonho,
interceptando o fio das uvas terrestres
com a pontualidade de um trem descabelado
que a sombra e pedras firas sem cessar arrastasse.
Por isso, amor, amarra-me ao movimento puro,
à tenacidade que em teu peito bate
com as asas de um cisne submergido,
para que à perguntas estreladas do céu
responda nosso sonho com uma só chave,
com uma só porta fechada pela sombra.
Pablo Neruda.
Resposta a Vinícius
Poeta sou; pai, pouco;irmão, mais.
Lúcido, sim; eleito, não.
E bem trsite de tantos ais
que me enchem a imaginação.
Com que sonho? Não sei bem não.
Talvez com me bastar feliz
- Ah, feliz como jamais fui!-,
arrancando do coração
- arrancando pela raíz-
este anseio infinito e vão
de possuir o que me possui.
Manuel Bandeira
Céu
A criança olha
para o céu azul.
Levanta a mãozinha,
quer tocar o céu.
Não sente a criança
que o céu é ilusão:
crê que não o alcança
quando o tem na mão.
Manuel Bandeira
De noite, amada, amarra teu coração ao meu
e que eles no sonho derrotem as trevas
como um duplo tambor combatendo no bosque
contra o espesso muro das folhas molhadas.
Noturna travessia, brasa negra do sonho,
interceptando o fio das uvas terrestres
com a pontualidade de um trem descabelado
que a sombra e pedras firas sem cessar arrastasse.
Por isso, amor, amarra-me ao movimento puro,
à tenacidade que em teu peito bate
com as asas de um cisne submergido,
para que à perguntas estreladas do céu
responda nosso sonho com uma só chave,
com uma só porta fechada pela sombra.
Pablo Neruda.
Resposta a Vinícius
Poeta sou; pai, pouco;irmão, mais.
Lúcido, sim; eleito, não.
E bem trsite de tantos ais
que me enchem a imaginação.
Com que sonho? Não sei bem não.
Talvez com me bastar feliz
- Ah, feliz como jamais fui!-,
arrancando do coração
- arrancando pela raíz-
este anseio infinito e vão
de possuir o que me possui.
Manuel Bandeira
Céu
A criança olha
para o céu azul.
Levanta a mãozinha,
quer tocar o céu.
Não sente a criança
que o céu é ilusão:
crê que não o alcança
quando o tem na mão.
Manuel Bandeira
terça-feira, 7 de agosto de 2007
Frio ; Ao telefone.
Queria cantar às ruas de Praga;
quero o gelo na ponta do meu nariz.
Necessito de um frio tão profundo
que me faça parar de sentir
minhas mãos e dedos no toque suave das melodias;
no violão incerto. Minha garganta...
Minha voz dilacerada, meu canto em silêncio.
Meus cabelos ao vento, minha carne: minha maldita existência.
Preciso de algo assim como a morte;
ausente, por mais que em mim permaneça.
.....................................................................................................................................................................
Ao telefone
Pois pode tocar à vontade,
seu músico inconveniente.
Ontem a noite foi de farra.
O sol nasceu ardente.
Pode gritar à vontade, pois
eu não me saio da cama
para te atender.
=P hehe
quero o gelo na ponta do meu nariz.
Necessito de um frio tão profundo
que me faça parar de sentir
minhas mãos e dedos no toque suave das melodias;
no violão incerto. Minha garganta...
Minha voz dilacerada, meu canto em silêncio.
Meus cabelos ao vento, minha carne: minha maldita existência.
Preciso de algo assim como a morte;
ausente, por mais que em mim permaneça.
.....................................................................................................................................................................
Ao telefone
Pois pode tocar à vontade,
seu músico inconveniente.
Ontem a noite foi de farra.
O sol nasceu ardente.
Pode gritar à vontade, pois
eu não me saio da cama
para te atender.
=P hehe
domingo, 5 de agosto de 2007
Ontem
Ontem eu bebi minha tempestade.
Ela que corria solta pelas ruas
buscando os espectros da danação.
Bebi o destino e o tranquei na minha
garganta tosca. Selei o furacão com Cecília,
Clarice, e os poetas bêbados das ruas de olinda.
Engoli a balada que toquei no violão;
aprisionei a música dentro de mim.
Chorei o desejo dos perdidos da noite:"ressucita-me."
Ressucitado fui, por todo sangue que engoli.
Acordei, e ainda tenho tudo dentro de mim.
Saudei as virtudes, brindei às tempestades,
E eles apenas entenderam.
Ela que corria solta pelas ruas
buscando os espectros da danação.
Bebi o destino e o tranquei na minha
garganta tosca. Selei o furacão com Cecília,
Clarice, e os poetas bêbados das ruas de olinda.
Engoli a balada que toquei no violão;
aprisionei a música dentro de mim.
Chorei o desejo dos perdidos da noite:"ressucita-me."
Ressucitado fui, por todo sangue que engoli.
Acordei, e ainda tenho tudo dentro de mim.
Saudei as virtudes, brindei às tempestades,
E eles apenas entenderam.
sábado, 4 de agosto de 2007
quarta-feira, 1 de agosto de 2007
Minha primeira tentativa de etnografia ^^
Pretendo exprimir aqui um trabalho de campo cuja metodologia remonta a Bronislaw Malinowski. Este autor introduziu a etnografia entre os métodos da antropologia, sendo este considerado por alguns autores o grande método da antropologia. Porém, nesta suposta etnografia não se encontrarão perfeitas as três fases do método, já que não há tempo nem capacidade para tal. Por exemplo, não haverá documentação estatística; a tipologia dos comportamentos não estará devidamente aprofundada e a compreensão do modo de vida do “nativo” é problemática, visto que lido com minha própria cultura e meu próprio conjunto de crenças religiosas. O choque do espanto e a compreensão do óbvio são comprometidos. Já descritas estas dificuldades, cabe acrescentar que apesar de o método ter sido desenvolvido por um funcionalista, a ótica à qual pretende-se obter conjura perspectivas culturalistas; sendo referência os textos de Margareth Mead – “Sexo e Temperamento” e Ruth Bennedict – “Padrões de Cultura”; ambos apresentados em aula. O culturalismo julgará a cultura como determinante nos padrões de comportamento e nas relações entre os indivíduos numa sociedade.
O objeto de estudo aqui é o II Simpósio de Estudos e Práticas Espíritas em Pernambuco (enfatizando a primeira palestra e dois momentos de intervalo, devido ao espaço limitado de 3 páginas), realizado no Teatro Guararapes - Centro de Convenções nos dias sete e oito de julho(sendo de 20 reais o custo por todos os dias).Tal encontro consistiu em palestras sobre diversos assuntos, práticas sobre o passe, momentos de arte como a apresentação do cantor Nando Cordel e, por fim, a psicografia de cartas direcionadas às famílias que pediram e a leitura das mesmas. Estive presente no último dia do simpósio e dirigi minhas atenções às palestras, aos palestrantes, ao público durante as palestras e na hora do intervalo. Tive como acompanhantes fiéis a minha tia e o livro Modernidade Líquida, escrito por Zygmunt Bauman (que me trouxe algumas reflexões interessantes sobre a observação).
Chegamos por volta das nove horas da manhã, a hora do intervalo. Estranhei: a quantidade de cabeças prateadas no pátio era enorme! A média dos participantes deveria estar entre os 40 anos de idade. Pouquíssimos jovens, poucos homens. Até entre a maioria idosa havia poucos homens. De forma que as minorias não se desagregavam: das 10 pessoas negras que consegui observar, oito formavam casais. Entre os jovens, a mesma coisa: os casais imperavam. Só para que se tenha consciência das proporções de que atento, houve gente suficiente para lotar a parte de baixo e preencher metade das cadeiras de cima do Teatro Guararapes. Os indivíduos iam e viam, lotavam as mini-lojas de livros espíritas, e tudo parecia uma grande dispersão. Uma massa desorganizada e desorientada, digna de relação com os romances de José Saramago. Enfim, o fato mais emocionante depois da constatação de um público ligeiramente elitizado foi a reclamação que eu levei de um segurança: eu havia deitado no banco. A prerrogativa do descanso me fora negada sob o risco de um “acidente” - piada do segurança, é claro. Havia uma número considerável de seguranças armados.
Hora da primeira palestra. Desloco-me para a parte frontal do auditório, à esquerda, e observo um público tenso, na agonia da espera, até que sobe ao palco uma carioca, e se inicia um discurso emotivo e emocionante. Vibrei. Não só pelo fato de ela mostrar suas dores, mas pela identificação do público e, não menos importante, pelo conceito de desentendimento entre casais que ela demonstrou. Por acaso o “marido bruto e desinteressado pela mulher” e a esposa “ciumenta, encrenqueira, possessiva” não seria uma clara explanação sobre a maneira como a nossa sociedade associa temperamento a sexo? O estereótipo do filho que usa drogas e a filha “promíscua” também não o seria? Na platéia, pude observar algumas cabeças balançando positivamente enquanto a emotiva palestrante, às lágrimas, prosseguia. Um ponto interessante do ethos espírita talvez seja o universalismo; a vontade de aceitar outras religiões e culturas - ao menos nas palavras. O tema central da palestrante era associar ciência e religião, utilizando a pesquisa mostrada no filme “Quem somos nós”, em que se mostra uma pesquisa sobre os arranjos estruturais da água e como os cristais formados na água em contato com bela música, emoções como amor e carinho eram mais belos que os cristais da água em situação contrária. Outra característica a se observar se encontra na oração final da palestrante, no pedido a Deus que lhes desse a “palavra certa”, para que não existissem mais lares de idosos, orfanatos, hospitais, doenças: ou seja, para que não existisse tanto sofrimento. Uma mulher, sentada à minha frente, soluçava. Várias pessoas abaixaram a cabeça em um choro realmente comovente. Poucos viram a senhora carioca retratando-se: agora ela pedia perdão a Deus por tentar mudar o mundo, pois ela apenas nunca seria capaz. Ela pedia para ter forças e melhorar o próprio lar. Bela demonstração de afeto aos seus “irmãos”, já que mudar os outros sob sua perspectiva não traria crescimento, mas este se apresentaria se ela procurasse melhorar a própria perspectiva.
Na saída da palestra, ainda no fogo da bela idealização provocada pela palestra emocionante, entre as largas escadas que dão acesso ao pátio, o comportamento dos indivíduos tomava sua conotação mais marxiana. Enquanto eu e minha tia, vagarosamente discutíamos sobre a palestra, recebemos trombadas e olhar de raiva por quem se mostrava atrás de nós. Lá, um grupo de senhoras, as calmas e felizes; tantas das que choraram e aplaudiram de pé a expositora e suas idéias, corriam, agitavam-se com seus corpos moles, competindo ávidas por um lugar ao sol: era hora do almoço. Logo duas filas imensas se formaram e as pessoas nervosas, mal educadas, furavam fila, rapidamente esqueciam da lição sobre amabilidade que ouviram na exposição. Será que, para não contrariar Bauman, as pessoas ali estavam apenas procurando verdades, certezas aproveitáveis? Será que, para boa parte da platéia, tudo era uma questão de auto-afirmação, de modo que elas agora possam viver suas vidas praticando pouco ou nada do que “são”, orgulhosamente, em teoria?
O restaurante dispôs de duas entradas, na qual formaram-se duas filas que se serviam de forma rotatória. Entrega-se a ficha escrita “almoço” e a escrita “refrigerante” e entra-se no estabelecimento. O refrigerante: é lógico que era coca-cola. A grande maioria escolheu esse exemplo de filantropia e caridade cristã. Dois tipos diferentes de feijão, arroz, salada e carnes: do gordo ao light. “Garçonetes” serviam a comida nos pratos das pessoas: uma espécie de controla da quantidade de comida posta? É certo que havia muita comida nos pratos que, rapidamente, eram agrupados em mesas de plástico - dessas que é possível juntá-las e fazer uma cadeia de mesas, uma imensa festa. Porém, Mesas todas separadas. Nada mais que mesas e cadeiras vermelhas dispostas da mesma forma que encontramos. Será que esse povo é tão respeitador das normas que sequer se sentiram na liberdade de unir as mesas para almoçarem juntos? Ao menos enquanto pude observar (entre quarenta e cinqüenta minutos foi o tempo que permaneci no restaurante), dois era o mínimo de quatro era o máximo de lotação às mesas. Quando eu e minha tia nos levantamos para sair, afinal de contas o restaurante não suportaria todos os indivíduos ao mesmo tempo e era preciso ser complacente com os que esperam lá fora, pude observar novamente que não havia união de mesas. Pessoas separadas. Seja no almoço, seja no alvoroço que o pós-almoço trouxe à livraria espírita. Seja mesmo na brilhante manifestação artística de um tecladista que tocava clássicos de Mozart, na qual, quando eu tentei “entrar na roda”, por vários lugares, recebi olhares de inconveniência. É como se a presença de alguém ali, alguém de bota preta e camisa preta, quebrasse o sonho da melodia: incomodasse por ser físico, ao invés de metafísico. Pude notar acontecimentos como esse em todo o tempo que observei. Pessoas atrás de suas certezas, suas verdades. Os aplausos ao tecladista; os olhares de lado enquanto ele tocava. É difícil prestar atenção a tudo que um artista faz, mas para a grande maioria presente talvez bastasse estar ali. Será que alguns também perceberam o quanto estavam sós?
Bibliografia:
BAUMAN, Z. Modernidade líquida. p.: 7-39.
MEAD, M. Sexo e temperamento.p.: 277-303.
BENEDICT,R. Padrões de cultura. p.: 58-70.
O objeto de estudo aqui é o II Simpósio de Estudos e Práticas Espíritas em Pernambuco (enfatizando a primeira palestra e dois momentos de intervalo, devido ao espaço limitado de 3 páginas), realizado no Teatro Guararapes - Centro de Convenções nos dias sete e oito de julho(sendo de 20 reais o custo por todos os dias).Tal encontro consistiu em palestras sobre diversos assuntos, práticas sobre o passe, momentos de arte como a apresentação do cantor Nando Cordel e, por fim, a psicografia de cartas direcionadas às famílias que pediram e a leitura das mesmas. Estive presente no último dia do simpósio e dirigi minhas atenções às palestras, aos palestrantes, ao público durante as palestras e na hora do intervalo. Tive como acompanhantes fiéis a minha tia e o livro Modernidade Líquida, escrito por Zygmunt Bauman (que me trouxe algumas reflexões interessantes sobre a observação).
Chegamos por volta das nove horas da manhã, a hora do intervalo. Estranhei: a quantidade de cabeças prateadas no pátio era enorme! A média dos participantes deveria estar entre os 40 anos de idade. Pouquíssimos jovens, poucos homens. Até entre a maioria idosa havia poucos homens. De forma que as minorias não se desagregavam: das 10 pessoas negras que consegui observar, oito formavam casais. Entre os jovens, a mesma coisa: os casais imperavam. Só para que se tenha consciência das proporções de que atento, houve gente suficiente para lotar a parte de baixo e preencher metade das cadeiras de cima do Teatro Guararapes. Os indivíduos iam e viam, lotavam as mini-lojas de livros espíritas, e tudo parecia uma grande dispersão. Uma massa desorganizada e desorientada, digna de relação com os romances de José Saramago. Enfim, o fato mais emocionante depois da constatação de um público ligeiramente elitizado foi a reclamação que eu levei de um segurança: eu havia deitado no banco. A prerrogativa do descanso me fora negada sob o risco de um “acidente” - piada do segurança, é claro. Havia uma número considerável de seguranças armados.
Hora da primeira palestra. Desloco-me para a parte frontal do auditório, à esquerda, e observo um público tenso, na agonia da espera, até que sobe ao palco uma carioca, e se inicia um discurso emotivo e emocionante. Vibrei. Não só pelo fato de ela mostrar suas dores, mas pela identificação do público e, não menos importante, pelo conceito de desentendimento entre casais que ela demonstrou. Por acaso o “marido bruto e desinteressado pela mulher” e a esposa “ciumenta, encrenqueira, possessiva” não seria uma clara explanação sobre a maneira como a nossa sociedade associa temperamento a sexo? O estereótipo do filho que usa drogas e a filha “promíscua” também não o seria? Na platéia, pude observar algumas cabeças balançando positivamente enquanto a emotiva palestrante, às lágrimas, prosseguia. Um ponto interessante do ethos espírita talvez seja o universalismo; a vontade de aceitar outras religiões e culturas - ao menos nas palavras. O tema central da palestrante era associar ciência e religião, utilizando a pesquisa mostrada no filme “Quem somos nós”, em que se mostra uma pesquisa sobre os arranjos estruturais da água e como os cristais formados na água em contato com bela música, emoções como amor e carinho eram mais belos que os cristais da água em situação contrária. Outra característica a se observar se encontra na oração final da palestrante, no pedido a Deus que lhes desse a “palavra certa”, para que não existissem mais lares de idosos, orfanatos, hospitais, doenças: ou seja, para que não existisse tanto sofrimento. Uma mulher, sentada à minha frente, soluçava. Várias pessoas abaixaram a cabeça em um choro realmente comovente. Poucos viram a senhora carioca retratando-se: agora ela pedia perdão a Deus por tentar mudar o mundo, pois ela apenas nunca seria capaz. Ela pedia para ter forças e melhorar o próprio lar. Bela demonstração de afeto aos seus “irmãos”, já que mudar os outros sob sua perspectiva não traria crescimento, mas este se apresentaria se ela procurasse melhorar a própria perspectiva.
Na saída da palestra, ainda no fogo da bela idealização provocada pela palestra emocionante, entre as largas escadas que dão acesso ao pátio, o comportamento dos indivíduos tomava sua conotação mais marxiana. Enquanto eu e minha tia, vagarosamente discutíamos sobre a palestra, recebemos trombadas e olhar de raiva por quem se mostrava atrás de nós. Lá, um grupo de senhoras, as calmas e felizes; tantas das que choraram e aplaudiram de pé a expositora e suas idéias, corriam, agitavam-se com seus corpos moles, competindo ávidas por um lugar ao sol: era hora do almoço. Logo duas filas imensas se formaram e as pessoas nervosas, mal educadas, furavam fila, rapidamente esqueciam da lição sobre amabilidade que ouviram na exposição. Será que, para não contrariar Bauman, as pessoas ali estavam apenas procurando verdades, certezas aproveitáveis? Será que, para boa parte da platéia, tudo era uma questão de auto-afirmação, de modo que elas agora possam viver suas vidas praticando pouco ou nada do que “são”, orgulhosamente, em teoria?
O restaurante dispôs de duas entradas, na qual formaram-se duas filas que se serviam de forma rotatória. Entrega-se a ficha escrita “almoço” e a escrita “refrigerante” e entra-se no estabelecimento. O refrigerante: é lógico que era coca-cola. A grande maioria escolheu esse exemplo de filantropia e caridade cristã. Dois tipos diferentes de feijão, arroz, salada e carnes: do gordo ao light. “Garçonetes” serviam a comida nos pratos das pessoas: uma espécie de controla da quantidade de comida posta? É certo que havia muita comida nos pratos que, rapidamente, eram agrupados em mesas de plástico - dessas que é possível juntá-las e fazer uma cadeia de mesas, uma imensa festa. Porém, Mesas todas separadas. Nada mais que mesas e cadeiras vermelhas dispostas da mesma forma que encontramos. Será que esse povo é tão respeitador das normas que sequer se sentiram na liberdade de unir as mesas para almoçarem juntos? Ao menos enquanto pude observar (entre quarenta e cinqüenta minutos foi o tempo que permaneci no restaurante), dois era o mínimo de quatro era o máximo de lotação às mesas. Quando eu e minha tia nos levantamos para sair, afinal de contas o restaurante não suportaria todos os indivíduos ao mesmo tempo e era preciso ser complacente com os que esperam lá fora, pude observar novamente que não havia união de mesas. Pessoas separadas. Seja no almoço, seja no alvoroço que o pós-almoço trouxe à livraria espírita. Seja mesmo na brilhante manifestação artística de um tecladista que tocava clássicos de Mozart, na qual, quando eu tentei “entrar na roda”, por vários lugares, recebi olhares de inconveniência. É como se a presença de alguém ali, alguém de bota preta e camisa preta, quebrasse o sonho da melodia: incomodasse por ser físico, ao invés de metafísico. Pude notar acontecimentos como esse em todo o tempo que observei. Pessoas atrás de suas certezas, suas verdades. Os aplausos ao tecladista; os olhares de lado enquanto ele tocava. É difícil prestar atenção a tudo que um artista faz, mas para a grande maioria presente talvez bastasse estar ali. Será que alguns também perceberam o quanto estavam sós?
Bibliografia:
BAUMAN, Z. Modernidade líquida. p.: 7-39.
MEAD, M. Sexo e temperamento.p.: 277-303.
BENEDICT,R. Padrões de cultura. p.: 58-70.
domingo, 29 de julho de 2007
Coisas pra se pensar:
"Hope in the face of our human distress/Helps us to understand the turbulence deep inside/That takes hold of our lives/Shame and disgrace over mental unrest/Keeps us from saving those we love/The grace within our hearts/And the sorrow in our souls/Deception of fame/Vengeance of war/Lives torn apart/Losing oneself/Spiraling down/Feeling the walls closing in/A journey to find/The answers inside/Our illusive mind."
"May your smile (may your smile)/Shine on (shine on)/Don’t be scared (don’t be scared)/Your destiny may keep you warm/Cause all of the stars/Are fading away/Just try not to worry/You’ll see them some day/Take what you need/And be on your way/And stop crying your heart out/Get up (get up)/Come on (come on)/Why’re you scared? (I’m not scared)/You’ll never change/What’s been and gone... We’re all of us stars/We’re fading away/Just try not to worry/You’ll see us some day/Just take what you need/And be on your way/And stop crying your heart out/Stop crying your heart out."
"Words can create an oblivion ocean.(...)When life is wearing thin we pray: the gods are close at hand when man is astray.(...)"
-------->"...Será que isso tudo fez-te acordar para perceber que não é só sonhar, e quem sabe agora merecer?..."
"May your smile (may your smile)/Shine on (shine on)/Don’t be scared (don’t be scared)/Your destiny may keep you warm/Cause all of the stars/Are fading away/Just try not to worry/You’ll see them some day/Take what you need/And be on your way/And stop crying your heart out/Get up (get up)/Come on (come on)/Why’re you scared? (I’m not scared)/You’ll never change/What’s been and gone... We’re all of us stars/We’re fading away/Just try not to worry/You’ll see us some day/Just take what you need/And be on your way/And stop crying your heart out/Stop crying your heart out."
"Words can create an oblivion ocean.(...)When life is wearing thin we pray: the gods are close at hand when man is astray.(...)"
-------->"...Será que isso tudo fez-te acordar para perceber que não é só sonhar, e quem sabe agora merecer?..."
segunda-feira, 23 de julho de 2007
Já que vai sair do orkut... =P
"... Era uma menina com a farda do colégio da polícia militar. Saia azul chamativa, camisa azul-claro. Suas bochechas, quase cor de chocolate, estão manchadas de alguma maquiagem barata. A saia, meio rasgada na barra, denota o sinal de muito uso, ou de pouca farda. Por que uma menina tão bonita precisaria de maquiagem? ela, sentada nas últimas cadeiras do ônibus, bem do meu lado, passava no rosto aquele pó esbranquiçado de cheiro engraçado. De repente, o onibus freou e boa parte daquela massa espalhou-se sobre o azul da saia. Agora, a menina que espalhara tal massa nas bochechas, procura incessantemente limpar a saia rasgada da mancha mal-vinda. Curioso este fato, mesmo por que a resposta para tal problema deverá ser suposta com algo de sutileza;algo que qualquer criança seria capaz de responder: O lugar da maquiagem não é a saia. Lugar de maquiagem é no rosto. Claro, talvez lhes convenha esse pensamento, porém, que tal se nos esquecêssemos de alguns valores básicos? Não importando o valor da maquiagem, do rosto esbranquiçado, da saia rasgada; por que diabos uma garota suja o rosto com pó mas tenta limpar um objeto manchado por ele?..."
domingo, 22 de julho de 2007
O menino e o violão.
Eis que estava só. Por alguma razão, aquele deserto havia afastado a forma física de todos que ele amava. A areia em seus olhos, a tempestade que o mantinha ali, parado naquele lugar; nunca seria tão difícil deixar o deserto, a fome, o medo: a noite fria e incrédula; o dia quente e infernal. Por alguma razão, tivera que caminhar só. Talvez por um longo espaço tivesse que suportar bem para encontrar um oásis e seguir.
Numa dessas noites de solidão, resolveu tirar da mala aquele velho violão. Sofrendo, o menino que havia deixado sua casa em busca de um breve feixe de luz que irradia tudo, dedilhou nas cordas velhas do violão cheio de areia. Pôs-se a compor. E como era lindo o que ele tocava... As melodias, casadas pouco a pouco no espaço, emitiam as ondas dos mais puros sentimentos; aquilo penetrava na alma do menino como uma flecha indolor, o feixe. Percebeu que a saudade do amor que havia deixado, talvez por necessidade de mantê-lo vivo, estava estabelecendo o grande elo entre ele e ela. Compreendeu a saudade, respeitou a dúvida, afinal, era por demais incerto que ele sobrevivesse àquela jornada. A música entrava agora suave em seu coração, que lhe retribuia com as mais claras lágrimas: a dor de tudo simplemente o purificava. Tudo isso, naquele breve instante, fez o mesmo que o abraço e beijo de um grande amor: ela estava ali
Ela nunca foi embora. Nenhum dos oásis encontrados no caminho desapareceram por completo: tudo estava ali, dentro dele. Foi quando percebeu que ele era o oásis no meio daquele deserto. Então, repleto de plenitude, desrespeitando as regras impostas pelos pessimistas, levantou-se, derramou um gole de água naquela areia seca, desenhou um sorriso: pensou na dádiva de poder voltar para casa e receber o mesmo sentimento que a música lhe deu. Derramou a última lágrima, já de felicidade, por saber o quanto poderá ser doce reencontrar o seu amor. É certo que havia um grande deserto a se atravessar. É certo que a sobrevivência, a eternidade, para todos é impossível. Mas disso ele não sabia. Trilhou seu melhor caminho e, atravessando aquele deserto, sem saber que é o impossível, ele o fará.
"Hope in the face of our human distress/Helps us to understand the turbulence deep inside/That takes hold of our lives/Shame and disgrace over mental unrest/Keeps us from saving those we love/The grace within our hearts/And the sorrow in our souls/Deception of fame/Vengeance of war/Lives torn apart/Losing oneself/Spiraling down/Feeling the walls closing in/A journey to find/The answers inside/Our illusive mind." Dream Theater
;D
Numa dessas noites de solidão, resolveu tirar da mala aquele velho violão. Sofrendo, o menino que havia deixado sua casa em busca de um breve feixe de luz que irradia tudo, dedilhou nas cordas velhas do violão cheio de areia. Pôs-se a compor. E como era lindo o que ele tocava... As melodias, casadas pouco a pouco no espaço, emitiam as ondas dos mais puros sentimentos; aquilo penetrava na alma do menino como uma flecha indolor, o feixe. Percebeu que a saudade do amor que havia deixado, talvez por necessidade de mantê-lo vivo, estava estabelecendo o grande elo entre ele e ela. Compreendeu a saudade, respeitou a dúvida, afinal, era por demais incerto que ele sobrevivesse àquela jornada. A música entrava agora suave em seu coração, que lhe retribuia com as mais claras lágrimas: a dor de tudo simplemente o purificava. Tudo isso, naquele breve instante, fez o mesmo que o abraço e beijo de um grande amor: ela estava ali
Ela nunca foi embora. Nenhum dos oásis encontrados no caminho desapareceram por completo: tudo estava ali, dentro dele. Foi quando percebeu que ele era o oásis no meio daquele deserto. Então, repleto de plenitude, desrespeitando as regras impostas pelos pessimistas, levantou-se, derramou um gole de água naquela areia seca, desenhou um sorriso: pensou na dádiva de poder voltar para casa e receber o mesmo sentimento que a música lhe deu. Derramou a última lágrima, já de felicidade, por saber o quanto poderá ser doce reencontrar o seu amor. É certo que havia um grande deserto a se atravessar. É certo que a sobrevivência, a eternidade, para todos é impossível. Mas disso ele não sabia. Trilhou seu melhor caminho e, atravessando aquele deserto, sem saber que é o impossível, ele o fará.
"Hope in the face of our human distress/Helps us to understand the turbulence deep inside/That takes hold of our lives/Shame and disgrace over mental unrest/Keeps us from saving those we love/The grace within our hearts/And the sorrow in our souls/Deception of fame/Vengeance of war/Lives torn apart/Losing oneself/Spiraling down/Feeling the walls closing in/A journey to find/The answers inside/Our illusive mind." Dream Theater
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sexta-feira, 20 de julho de 2007
A história de Bob
Era uma vez um ratinho chamado Bob. Típico ratinho brasileiro: esperto, ágil, inteligente, sempre superando as adversidades. É certo que sua aparência o ajudava, pois este possuia alguns pêlos ruivos-legado da raíz de família européia. Graças a isso, seu pai, sua mãe e ele, filho único-sobrevivente-, eram respeitados na comunidade dos ratos. Embora o pai se queixasse a maior parte do tempo, falando como era boa a sua infância na Europa, e que ele nunca mais comeu queijo, que os ratos americanos são mais fortes por que o lixo de lá é melhor(enfim...), essa família de ratinhos vivia bem. A sociedade recifence, os canais pútridos, os esgotos antigos e as cheias de verão contribuiram para o bem estar dessa família. Bob, muito esperto, sabia tudo de canais e córregos. Se alimentava até mesmo dos peixinhos "guaru", quando decidia nadar um pouco nos córregos de brasília teimosa(ou formosa, como é conhecida hoje). Certo dia, Bob chegou em casa com uma namorada: Bela, uma ratinha muito bem composta e também descendente de estrangeiros. Viera de navio para recife e morava em boa viagem, por entre o jardim de flores leitosas e vívidas e o canal da rua por trás da avenida Domingos Ferreira. É certo que os dois, muito novos e espertos, curtiam as farras e as madrugadas; fato que não era bem visto pelo pai de Bela, o senhor Brown. Entretanto, eles saíam sempre que podiam e iam dormir na casa dos amigos pra fazer vocês-sabem-o-quê. Esses ratinhos hoje em dia estão cada vez mais desinibidos! Fazem sexo, bebem, usam drogas... Eis que, talvez por isso, o destino de Bob tenha sido tão cruel.
No mundo dos humanos, havia toda uma agitação em volta da campanha por uma cidade limpa. Certos animais contribuiriam para tanta sujeira e tanta doença. Entre as doenças, em especial, havia o pavor pela leptospirose: doença que se pode pegar através do contato com água contaminada por urina de rato. A efervescência da camapanha atingiria seu auge com a implantação de cartazes pelos ônibus e pontos de ônibus dizendo que era preciso combater a ferro e fogo a leptospirose. O cartaz tinha a foto de um rato enorme e horroroso e dizia: "Leptospirose. Isso precisa morrer". Graças a isso, começou a existir uma imensa perseguição aos ratos e, certo dia, desobedecendo sua mãe, Bob foi encontrar Bela numa rave no bairro de piedade. A festa foi esplendorosa: muito ecstasy, muita ratinha dando por aí, e Bob passou a noite inteira bebendo, se drogando e trepando muito com sua namoradinha. Até que, às quase cinco da manhã, Bob, depois de tanta farra, desmaia na beira de um córrego. Ao acordar, já sozinho, em plenas nove horas do dia, Bob percebe que está sendo vigiado por um grupo de humanos curiosos que, ao notarem que Bob estava vivo, começaram a gritar incessantemente: "RATO, RATO! MATA!". Bob, longe de casa, com as patas fracas e a cabeça doendo de tanto trepar, pensou: "Me fudi". Saiu-se correndo apavorado, mas já não tinha forças e a multidão de gigantes começava a alcançá-lo. Fora encurralado num círculo, esquivando dos pisões e das vassouras nervosas pelo seu sangue. Urinava de medo e pavor; tentava sair, mas era chutado, pisado, as vassouras tiravam fino de sua cabeça. Eis que um sujeito esperto, desses entregadores de água mineral que andam em bicicletas pensou: "ele não deve escapar do butijão de água". Então, o esperto homem lança no meu do círculo os vinte litros de água que, tragicamente, dilaceram o pobre corpo de Bob; seu sangue, sua urina, suas vísceras compostas na água que se derramou, lavavam lentamente os pés dos carrascos que ali estavam, atônitos com a incrível inteligência do entregador de água. Pobre ratinho: morto no auge da vida. Entre alguams daquelas pessoas, havia uma senhora com vários "bifes" e uma unha encravada que sangrava facilmente. Havia ainda um rapaz que, ao pisar o rato de chinelo, não percebeu que o corte no pé, dádiva de um jogo de bola num campinho há três dias atrás, não havia se fechado por completo. teve a chance de ir no hospital para pontear os ferimentos, mas como é brasileiro, resolveu deixar para depois. E assim, os casos de leptospirose continuaram aumentando. Pobre ratinho. Pobres pessoas, os idiotas da vez.
Vocês já pensaram sobre como o nazi-facismo surgiu?
No mundo dos humanos, havia toda uma agitação em volta da campanha por uma cidade limpa. Certos animais contribuiriam para tanta sujeira e tanta doença. Entre as doenças, em especial, havia o pavor pela leptospirose: doença que se pode pegar através do contato com água contaminada por urina de rato. A efervescência da camapanha atingiria seu auge com a implantação de cartazes pelos ônibus e pontos de ônibus dizendo que era preciso combater a ferro e fogo a leptospirose. O cartaz tinha a foto de um rato enorme e horroroso e dizia: "Leptospirose. Isso precisa morrer". Graças a isso, começou a existir uma imensa perseguição aos ratos e, certo dia, desobedecendo sua mãe, Bob foi encontrar Bela numa rave no bairro de piedade. A festa foi esplendorosa: muito ecstasy, muita ratinha dando por aí, e Bob passou a noite inteira bebendo, se drogando e trepando muito com sua namoradinha. Até que, às quase cinco da manhã, Bob, depois de tanta farra, desmaia na beira de um córrego. Ao acordar, já sozinho, em plenas nove horas do dia, Bob percebe que está sendo vigiado por um grupo de humanos curiosos que, ao notarem que Bob estava vivo, começaram a gritar incessantemente: "RATO, RATO! MATA!". Bob, longe de casa, com as patas fracas e a cabeça doendo de tanto trepar, pensou: "Me fudi". Saiu-se correndo apavorado, mas já não tinha forças e a multidão de gigantes começava a alcançá-lo. Fora encurralado num círculo, esquivando dos pisões e das vassouras nervosas pelo seu sangue. Urinava de medo e pavor; tentava sair, mas era chutado, pisado, as vassouras tiravam fino de sua cabeça. Eis que um sujeito esperto, desses entregadores de água mineral que andam em bicicletas pensou: "ele não deve escapar do butijão de água". Então, o esperto homem lança no meu do círculo os vinte litros de água que, tragicamente, dilaceram o pobre corpo de Bob; seu sangue, sua urina, suas vísceras compostas na água que se derramou, lavavam lentamente os pés dos carrascos que ali estavam, atônitos com a incrível inteligência do entregador de água. Pobre ratinho: morto no auge da vida. Entre alguams daquelas pessoas, havia uma senhora com vários "bifes" e uma unha encravada que sangrava facilmente. Havia ainda um rapaz que, ao pisar o rato de chinelo, não percebeu que o corte no pé, dádiva de um jogo de bola num campinho há três dias atrás, não havia se fechado por completo. teve a chance de ir no hospital para pontear os ferimentos, mas como é brasileiro, resolveu deixar para depois. E assim, os casos de leptospirose continuaram aumentando. Pobre ratinho. Pobres pessoas, os idiotas da vez.
Vocês já pensaram sobre como o nazi-facismo surgiu?
terça-feira, 17 de julho de 2007
sábado, 14 de julho de 2007
Desculpas
Devo me desculpar com meus medos e minhas inseguranças publicamente: eu não estou só nesse mundo.
E só. ;D
E só. ;D
Dia Bom
Bom dia! hoje e sempre. Dia bom. Agradeço ao meu amigo marcos por essa reflexão. Agradeço às pessoas que sabem fazer de um desejo a realidade mais sutil.
Ao dia:
É realmente fantástico o que o corpo humano pode fazer. Como se salta, se joga no chão, se faz mortais-carpados-de-não-sei-o-quê... Parece uma voz que diz "olha o que você pode fazer se acreditar". Ah, este é um texto sem rococózices rebuscadas ou coisa que o valha. Mas é magnífico o que fazem na ginástica, nos esportes, nas artes marciais. É tão bom saber que ao corpo humano não resta apenas rebolar a bunda com "é o tchan", ou fazer sinal do capeta num show de heavy metal(embora isso seja divertido =P); quem dirá os bregas, os pseudo-forrós quem mostram um bando de calcinhas voadoras ao palco: nós não somos apenas isso.
Não somos só os donos das tecnologias rococós(obrigado por me ensinar esta palavra, diego!), mas também , mesmo que de forma seleta e pouco publicada, donos de tradições brilhantes(ou será que a ela nós pertencemos?). Seja a ginástica que certamente recebe ajuda da tecnologia, seja o kung fu shao lin. Alguém acredita que um monge shao lin, com menos de 1,70m, magro, enfia uma lança na barriga, sobe em cima dela e fica rodando? O mesmo monge resiste a seis lanças, que partem-se quando os "agressores" tentam perfurá-lo. Isso, meus amigos, também é humano. Não deixemos que a comodidade da tecnologia nos amoleça, nos deixe desprotegidos. Somos nós que fabricamos a tecnologia.
Quem duvida do que somos capazes de fazer?
Hoje eu conheci uma pessoa que, mais uma vez, me libertou desse falso mundo de normalidade, de indústria cultural e mídia(mérdia), e ciência capitalista acima de tudo. Alguém acredita que em piedade/candeias se faz jazz, blues, mpb, bossa-nova, rock com uma qualidade digna de ser apreciada em todo o mundo? Alguém acredita que George Benson se julgou indigno de escrever seu nome na guitarra de um jovem de 26 anos pois presumiu que este jovem tocava "melhor" que ele?
Deus não precisa de apóstolos, ou profetas. Está tudo aqui. Bastar ver e sentir.
Ao dia:
É realmente fantástico o que o corpo humano pode fazer. Como se salta, se joga no chão, se faz mortais-carpados-de-não-sei-o-quê... Parece uma voz que diz "olha o que você pode fazer se acreditar". Ah, este é um texto sem rococózices rebuscadas ou coisa que o valha. Mas é magnífico o que fazem na ginástica, nos esportes, nas artes marciais. É tão bom saber que ao corpo humano não resta apenas rebolar a bunda com "é o tchan", ou fazer sinal do capeta num show de heavy metal(embora isso seja divertido =P); quem dirá os bregas, os pseudo-forrós quem mostram um bando de calcinhas voadoras ao palco: nós não somos apenas isso.
Não somos só os donos das tecnologias rococós(obrigado por me ensinar esta palavra, diego!), mas também , mesmo que de forma seleta e pouco publicada, donos de tradições brilhantes(ou será que a ela nós pertencemos?). Seja a ginástica que certamente recebe ajuda da tecnologia, seja o kung fu shao lin. Alguém acredita que um monge shao lin, com menos de 1,70m, magro, enfia uma lança na barriga, sobe em cima dela e fica rodando? O mesmo monge resiste a seis lanças, que partem-se quando os "agressores" tentam perfurá-lo. Isso, meus amigos, também é humano. Não deixemos que a comodidade da tecnologia nos amoleça, nos deixe desprotegidos. Somos nós que fabricamos a tecnologia.
Quem duvida do que somos capazes de fazer?
Hoje eu conheci uma pessoa que, mais uma vez, me libertou desse falso mundo de normalidade, de indústria cultural e mídia(mérdia), e ciência capitalista acima de tudo. Alguém acredita que em piedade/candeias se faz jazz, blues, mpb, bossa-nova, rock com uma qualidade digna de ser apreciada em todo o mundo? Alguém acredita que George Benson se julgou indigno de escrever seu nome na guitarra de um jovem de 26 anos pois presumiu que este jovem tocava "melhor" que ele?
Deus não precisa de apóstolos, ou profetas. Está tudo aqui. Bastar ver e sentir.
sexta-feira, 13 de julho de 2007
Medo e Democracia
"Provisoriamente não cantaremos o amor, que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos. Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços, não cantaremos o ódio porque esse não existe, existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro, o medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos, o medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas, cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas, cantaremos o medo da morte e o medo de depois da morte, depois morreremos de medo e sobre nossos túmulos nascerão flores amarelas e medrosas." - Drummond de Andrade
Ontem, ao entrar no ônibus que me levaria da universidade para casa, percebi algo singular: havia alguns torcedores de futebol; pessoas com uma aparência "suja", um linguajar "de favela" e uma postura que intimidaria boa parte dos "intelectualistas rococó" que frequentam universidades país a fora. Os torcedores, negros e "pardos", gritavam, "tiravam onda", com as pessoas que passavam na rua. Eu passei e me sentei entre eles, atrás do ônibus. Alguns deles disseram "boa noite, legal." O que posso dizer do resto ds pessoas que entraram comigo na parada é que elas se amontoaram na parte da frente do ônibus, antes da catraca. O que eles tinham de comum; o casal de namorados, os homens fortes, as senhoras: medo. Ao perceberem tal acúmulo de passageiros na parte designada a deficientes físicos, os torcedores aumentaram o tom das brincadeiras. Enquanto o cobrador conversava com uma garota, eles "zoavam" :" tá namorando, cobrador?" Uma senhora pediu parada e disse que ia descer de qualquer jeito. Não deu explicação ao motorista e sequer deu ouvidos ao cobrador, que disse-lhe :"os meninos são limpeza." Enfim, quando todos os torcedores desceram, aquele bolo de gente pagou e passou pela catraca. Alguns conhecidos perguntaram-me: "como vc teve coragem?". Outro, um quee stava com a namorada, enfatizou que é melhor ter cautela com esse tipo de gente. A namorada disse-me: "se você uma vez quase se afoga no mar, e percebe que hoje o mar está revolto, você vai entrar no mar?" Ambos negaram quando o que eu disse que eles sentiram foi medo. O cobrador disse "Sim" quando eu perguntei se os torcedores pagaram a passagem do ônibus. Curioso.
Hoje, ao perceber o trânsito lento que havia no bairro ipsep, o motorista do ôbinus, aparentemente cansado, quis cortar caminho para chegar mais rápido no terminal. Perguntou aos passageiros:"alguém vai descer no ipsep?" . Ninguém respondeu, e quandp ele estava quase passando da entrada, dois ou três se manifestaram:" vai descer no ipsep!". Se ninguém fosse descer no ipsep, eu poderia me sentir feliz de chegarem casa mais rápido, caso eu não me colocasse na pele das pessoas que estariam esperando aquele ônibus no bairro. de fato, subiram 10 pessoas ao longo do ipsep. O que aconteceria a essas pessoas, ou melhor, quantos minutos elas esperariam até outro ônibus passar? "democracia? alô?"
Ontem, ao entrar no ônibus que me levaria da universidade para casa, percebi algo singular: havia alguns torcedores de futebol; pessoas com uma aparência "suja", um linguajar "de favela" e uma postura que intimidaria boa parte dos "intelectualistas rococó" que frequentam universidades país a fora. Os torcedores, negros e "pardos", gritavam, "tiravam onda", com as pessoas que passavam na rua. Eu passei e me sentei entre eles, atrás do ônibus. Alguns deles disseram "boa noite, legal." O que posso dizer do resto ds pessoas que entraram comigo na parada é que elas se amontoaram na parte da frente do ônibus, antes da catraca. O que eles tinham de comum; o casal de namorados, os homens fortes, as senhoras: medo. Ao perceberem tal acúmulo de passageiros na parte designada a deficientes físicos, os torcedores aumentaram o tom das brincadeiras. Enquanto o cobrador conversava com uma garota, eles "zoavam" :" tá namorando, cobrador?" Uma senhora pediu parada e disse que ia descer de qualquer jeito. Não deu explicação ao motorista e sequer deu ouvidos ao cobrador, que disse-lhe :"os meninos são limpeza." Enfim, quando todos os torcedores desceram, aquele bolo de gente pagou e passou pela catraca. Alguns conhecidos perguntaram-me: "como vc teve coragem?". Outro, um quee stava com a namorada, enfatizou que é melhor ter cautela com esse tipo de gente. A namorada disse-me: "se você uma vez quase se afoga no mar, e percebe que hoje o mar está revolto, você vai entrar no mar?" Ambos negaram quando o que eu disse que eles sentiram foi medo. O cobrador disse "Sim" quando eu perguntei se os torcedores pagaram a passagem do ônibus. Curioso.
Hoje, ao perceber o trânsito lento que havia no bairro ipsep, o motorista do ôbinus, aparentemente cansado, quis cortar caminho para chegar mais rápido no terminal. Perguntou aos passageiros:"alguém vai descer no ipsep?" . Ninguém respondeu, e quandp ele estava quase passando da entrada, dois ou três se manifestaram:" vai descer no ipsep!". Se ninguém fosse descer no ipsep, eu poderia me sentir feliz de chegarem casa mais rápido, caso eu não me colocasse na pele das pessoas que estariam esperando aquele ônibus no bairro. de fato, subiram 10 pessoas ao longo do ipsep. O que aconteceria a essas pessoas, ou melhor, quantos minutos elas esperariam até outro ônibus passar? "democracia? alô?"
quinta-feira, 12 de julho de 2007
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