segunda-feira, 27 de julho de 2015

Corta o vento os meus lábios.
Sela o tempo com palavras que não vou dizer.
Dorme mansa a alegria, de tão intensa calmaria, que só mesmo o desespero dirige o meu destino.
Corre milhas de avaria, a fogueira do meu ser. Consome o sangue, combustível, derrama a fonte  outrora perene, a cada chama mais marcada, mais profunda a cicatriz.
Um rio sem chuva. Um mar de sal. As vidas secas. A terra nua. A alma velha, a perecer. Tímida cólera, se agita na escuridão. Como estrela, quer brilhar para a extinção. Aos tropeços, une as forças para explodir uma vez mais. Para marcar no tempo a emoção dessas palavras que não vou dizer. A Deus.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Essa coisa engraçada é dedicada a Ruan, que me desafiou a escrever um poema sobre separação de bens =P heauiaheiaueh


Separação de bens

Desencontrados.
O vil metal entre nós.
Sórdida é a nossa cama.
Nas manchas dos nossos lençóis.

Já não somos dois:
só pode haver separação.
Só nos resta lamentar
e preparar a separação de bens

sábado, 24 de janeiro de 2015

É janeiro sem chuvas. Aos passos sobe a poeira das vidas deturpadas: não corre o Rio pelas casas no balé da renovação. Emoções sedimentares na sarjeta, no varrer dos terreiros, lutam contra o tempo, à espera da água purificadora. Ela não vem. Tudo resta, resiste, insiste sem razão.