quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Cotidiano

Hoje foi um dia bastante cansativo. Acordei às sete da manhã pra digitar um ensaio. Quando acabei, almocei macarrão e tava meio sem gosto. Fui pra universidade, esperei junto aos outros alunos pela chegada do professor e este chegou atrasado em mais de meia hora. Ele começou a recolher os ensaios, nome a nome, chamando os alunos e devolvendo-lhes a prova. Quando chegou a minha vez, minha prova estava com uma interrogação. Ele não tinha dado nota, aparentemente. Disse que eu tinha ficado com média 9,4. Pensei: "Nossa! Que legal!". Mas ao chegar em casa, vi que a nota lançada no email da turma era 8,2. Quase um vexame. Mas isso não é o mais importante. O mais importante, e sim, eu repito as palavras quantas vezes quiser, quiser, quiser, importante, impotente ou sei lá o que. Só sei que fiquei no diretório acadêmico estudando até a hora da aula à noite. Fui o primeiro a entregar o trabalho, que deveria ser em 3 páginas, mas eu escrevi 6. Falei ao professor: " Tem o dobro de palavras e eu ainda acho que não consegui dizer o que eu queria". Vocês sabem... Em meio a tantos conceitos, conceito,s conceitos... Depois que eu li, o insight pareceu desconexo com o texto. O.o Mas o professor não se importou em me dizer uma verdade: " Não esquente a cabeça com isso. Você terá uma vida toda pra dizer o que queria."
Tirando o cansaço de, aparentemente, viver uma vida e quase nunca dizer o que se quer, uma outra coisa brotava daquela frase. Algo no tom de voz, ou na forma como as palavras ganharam sentido: era a esperança.

17 comentários:

Anônimo disse...

É a esperança que me faz esperar tanto tempo pra viver intensamente o que eu gostaria de viver agora!
Odeio clichês, mas nem sempre querer é poder! então, VIVA A ESPERANÇA!
Naanu

asadebaratatorta disse...

Para uma fenomenologia à la Stein("uma rosa é uma rosa"), querer é querer. Poder é poder. Mas, também, de que adianta se você pode, mas não quer? Pelo menos se vocÊ quer e não pode, resta esperança de que um dia você possa.

Anônimo disse...

Ah, como eu querooooo!
Sei que vai ser!
Naanu

asadebaratatorta disse...

eu também quero. ;D quero que vc seja muito feliz, minha amiga. ^^

prussiana disse...

que bonito, namorado! ^^

asadebaratatorta disse...

eu tento, namorada. ^^ nem sempre é o suficiente, mas eu não desanimo... muito. =P

Anônimo disse...

Esperança é o que resta quando mais nada se tem.

asadebaratatorta disse...

ou o é princípio gerador de algo que nunca se teve, mas que se tinha a ilusão de ter.

Anônimo disse...

Uhum, eh verdade. A esperança eh a ultima que morre e a primeira a sair correndo, quando não se tem força de vontade ^^ xDD

Andréa disse...

Bonita a frase do professor. Parece um conselho de vó!

Anônimo disse...

pensa que você pode muitas vezes ser compreendido mesmo sem dizer o que queria.

como eu disse num textinho feito no ônibus, vendo a paisagem da estrada, (muito a ver, inclusive, com isto aqui) (vai pro blog, eventualmente): "muito da beleza da vida está nas entre-linhas".

então concordo com seu professor: esquenta a cabeça com isso não.

~~

Anônimo disse...

A vida é uma grande tentativa de construção do discurso. Quando você pensa que sabe de alguma coisa, é surpreendido. Enfim, passamos a vida toda tentando dizer o que queremos, e morremos calados.

Desculpa invadir assim o blog, mas eu gostei muito.
Sou Paulo Ricardo, que estudou com você no Atual.
Abraço.

asadebaratatorta disse...

Opa, Paulo ;D

obrigado pela visita, cara. volte sempre!

E é bem verdae que a vida hoje cada vez mais se caracteriza em construção de discursos. Nuns posts mais antigos deste bolg e do blog da minha namroada discutimos muitos assuntos relacionados a essa questão. Este espaço também é uma tentativa de quebrar com os males do discurso em si. Aqui os discursos tendem a envolver a prática, mas não da maneira utilitarista, que diz que a prática eficaz apenas favorece o discurso. Mas sim de colocar o discurso em favor da prática. Seja muito bem vindo.^^

abraço

Altiere Freitas disse...

O problema não é querer dizer algo, mas que sejamos ouvidos... temos o próximo minuto ou anos..decênios...pela frente pra falar...
viva a contigência!

Anônimo disse...

O professor é mal, mas você é ótimo. XD

=**

C. disse...

tenho a impressão que quando eu conseguir dizer o que quero, não vou mais precisar dizer...pq vai transparecer naturalmente no meu rosto. ou pelo menos gostaria que fosse assim.

é uma coisa grande e louca que eu entendo sentindo, mas não tenho habilidade suficiente pra expressar...

o.O




depois te leio mais, querido.é que ainda ando com tanto sono...
=**

asadebaratatorta disse...

Adorei. ;D

Eu acho que é por aí tbm, beibe. As próprias palavras possuem o desígnio de representar-nos, e não o contrário, como muitos pensam.

;**