quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Pensei escrever uma prosa. Dessas cheias de cronismo, sartrismo: dessas de crise existencial. Das que dizem, depois desdizem: ponderam sem nada tocar.
Pensei prosear com rimas, com telas, palavras vazias. Pensei responder Bandeira, numa ode egológica, plena de cogito, de dúvidas, de reflexão.
Como um grito seria minha prosa; um corte fundo no meu silêncio. Uma promessa trôpega. Uma água densa e triste de tão vívida, entre a luz e o eu, entre os olhos e as lentes desgastadas de revelar o que os hipócritas não querem enxergar.
Pensei na prosa, mas, de repente, rubra, se esvai a pureza, tímida, por entre as pétalas de um enorme girassol, que esconde em pudor o apreço por tudo que é belo.
Desisti.

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Tosco e poeta, cega-me a luz do dia:
brindam cálidos olhos à noite de agonia.

Dorme clara a poesia, esguia,
por entre os raios a calmaria.

Cega-me a gente reticente,
por amor à aguardente,
sem juízo, sem sorriso,
sem qualquer cristão que aguente!

De teus rios, de tuas fontes,
nem te peço: tomo e bebo:
minha sede é meu ensejo:
minha fome pede o quente.

Em clemência, em pudor,
Eis de, valsante, se pôr,
vertendo o meu olhar
de tudo que eu sabia.

Não sei mais.

quarta-feira, 5 de junho de 2013

A chuva

A chuva.

Brilhante,
massa d'água que corre como cachoeira.
Bem-vinda seja, apesar da desgraça,
da morte e do caos que ousam atribuir a ti.

Dança pujante, no fervor das pedras mortas:
dá cor translúcida a esse chumbo estático e burro.
Inunda as ruas do verdadeiro amor, invisível, revirado,
que escoa por toda a sujeira.

Lava tudo, toca a vida, o movimento,
pois tudo que és remete ao cinza mais vivo
que o simples concreto:
um cinza móvel.



Pra Tancredo, meu amigo ilhado que se esconde em Barra.
KKKKKKKK

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

2013


Dizem: A Fé move montanhas...
- Para quê? Por que? Para quem?
A fé sem razão move montanhas desnecessárias.
A fé sem ética move montanhas que não deveriam ser movidas.
A fé sem amor move montanhas sem respeito à vida.
A fé sem objetivos move montanhas irresponsavelmente.
A fé sem valores move montanhas sem nenhum porquê.

Que possamos agir conscientes do nosso poder; sempre atentos ao nosso ego. Como diria Vinícius de Morais, com cortesia, mas sem covardia.