sábado, 12 de abril de 2008

Qüen, o tsuru filósofo.

[Agradeço a Flor por ouvir minhas bobagens e rir tanto hoje. ;D Isso aqui é meio que uma homenagem a ela. ^^ ;*]


Estávamos lá, os amigos de um tempo indecifrável, sentados à mesa de uma chopperia do shopping Boa Vista. Debaixo dos braços de Flor havia um pequeno livro - daqueles tipos misteriosos - de capa azul escura com detalhes em amarelo que quase brotavam daquele mar. Meus acessórios, os usuais: violão e bolsa verde em cima da mesa. Falávamos sobre preocupações, chateações e um pouco de perplexidade devido a uma situação que enfrentei esses dias. Claro que, entre o assunto tenso, sempre cabia uma boa dose de humor. Graças ao poder imaginativo de Flor! Garanto que ninguém poderia imaginar melhor que ela um elefante anoréxico. É, -eu sei-, surrealismos. Divertido. Que um dia, tudo que ela imagina, seja.
A imaginação, creio, diferente de Bachelard(e quem sou eu para contestá-lo?=P), não pode ser entendida como uma simples ausência consciencial de si e a reconstrução de uma nova vida, como está escrito no post entitulado "Tédio". Não consigo ver a imaginação sem o seu caráter potencial de transformação dessa camada fina de águas racionais que chamamos "realidade". Isso como algo contínuo, em forma de corrente. Creio que há um certo descaso por parte das pessoas no tocante ao poder de imaginar e acreditar. Mas esse não é o foco.
Voltando à conversa com Flor, sugeri que esta fizesse um tsuru com os papéis coloridos de que ela dispunha, já que pretende fazer mil deles! E ela foi moldando enquanto o chopp era solvido na minha boca. Quando o tsuru amarelo, pronto, foi parar em cima da mesa, eu lembrei dos tempos de criança. Paguei o tsuru com a mão esquerda, inclinei o bico para a face de Flor e disse :"Qüen!". E isso nos gerou uma ótima crise de riso! Como se o tsuru pudesse falar, e para a imaginação de Flor, isso não seria impossível. Então, fitando o tsuru em minha mão, "ausentei-me". Fui levado pela minha consciência a imaginar o início disso tudo, do tsuru... Dele pronto, dos moldes longos até a sua formação, do papel amarelo, da origem do papel, das árvores... Cheguei até aos elementos químicos do mesmo. Salvo a vertigem que senti, estava satisfeito. Nosso potencial criativo depende da nossa capacidade de transformar. Flor não construiu sozinha o Tsuru. Além da técnica envolvida, além de todos os processos humanos que possibilitaram-nos estar ali, naquele momento, com aquele papel, existe algo; o tijolo do qual toda essa cadeia foi construída. Algo não necessariamente humano. Fitando a possível face daquele objeto de papel, que ganhou vida e um nome, pude sentir o que relato. Omito muitas informações aqui. por exemplo, depois disso eu abri o livro azul em qualquer página e li um trecho, como de costume. Falava de uma experiência de quase-morte. A unicidade e a totalidade... Não tenho a intenção de ser teórico. No máximo, poético ou filosófico. Não consigo deixar de pensar em todos esses símbolos que carregamos... Os significados....

Imaginar é agir e significar (n)o mundo.

20 comentários:

Unknown disse...

"Que um dia, tudo que ela imagine, seja." Como vc mesmo disse, tenho q tomar cuidado com o q imagino!! Mas, tô mto,mto,mto feliz mesmo de um simples gesto/ação tenha te proporcionado tal reflexão.
Quanto a minha capacidade imaginatava, qdo estou com vc exercito-a um pouco mais. Nem sei pq né?!?!?!?huahuahauhauhau...
Mas tô feliz por ter dividido este momento contigo, feliz por te fazer lembrar dos tempos de criança. Nossa feliz por tantas coisas, poderia ficar aqui o resto da noite falando, mas acho q vc sabe e me entende bem. Tenho mesmo é q agradecer pelo momento,pelo carinho,pela homenagem,por tudo e mais um pouco.
Obrigada, moço!!!
E que eu possa te proporcionar mto mais momentos como o de hoje!!!
Bjos, braços e abraço!!!

asadebaratatorta disse...

Acho que eu num preciso falar mais nada. ;)
Te adoro, flor ^^
=****
^^

Unknown disse...

bem ao meu estilo mesmo,né?!?!?!?!
Tabém te adoro, moço!!!!

Bjos bjos
Abraços mil!! ;****

Anônimo disse...

Oi, Raphael,

Fico até meio constrangida de interromper o interlúdio amoroso acima, mas prometo pisar de leve para não atrapalhar muito.

Interessante como a questão da consciência é uma preocupação recorrente por aqui. E eu, que sempre pensei que esse tipo de questão era o que as pessoas tinham mais dificuldade em relacionar com suas vidas cotidianas. Muito legal a forma como você liga filosofia e vida cotidiana.

Depois passo com mais calma e leio os outros posts com mais vagar. Vou salvar o endereço nos meus favoritos e passar por aqui de vez em quando.

Abraço

Anônimo disse...

Ah! E adorei o nome do blog! Só não consegui me identificar muito com o "asa de barata torta". Imagino que algum significado profundo me escapa...

que nojo...

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Marcolino disse...

Bambino, c'est magnific, very bueno!

Primeiro, cê reclamou que não tinha saído do jeito que você queria, mas eu acho que saiu do jeito que tinha que sair.

Segundo, meu velho, vocês dois chegaram a um dos meus pilares. Capacidade de imaginar é capacidade de viver; imaginação não é inconsciência, é subconsciência - ou "sobreconsciência", pra soar mais mais ^.^' -; pra mim a imaginação é a verdadeira expressão do nosso verdadeiro ser.

E, pra você se sentir mais a vontade pra contestar Bachelard, eu contesto Descartes: imagino, logo existo.

;D~***

Unknown disse...

Passando por aqui de novo e lendo mais uma vez,e dentre as várias possibilidades de reflexão q este texto pode gerar, me peguei refletindo no quanto estamos em relação com tudo ao nosso redor e que "Nosso potencial criativo depende da nossa capacidade de transformar" e de nos relacionar também. Sem esta relação talvez não tivessemos chegado onde chegamos e construído o que construimos.

Um bom dia pra vc, moço!

Mais uma vez, bjos e bjos!!!
Braços e abraços!! =****
Flor

asadebaratatorta disse...

hiueahaeiuhaieuhiuaeh ^^'

Ela é minha amiga, Cynthia! ^^
E eu te explico lá no seu blog o por quê do asadebaratatorta.

E eu concordo com vc ,marcolino. Acho que a imaginação é uma das grandes formas de ser. Só não sei até que ponto ela exclui o eu, ou inclui. Sei que o desejo, muitas vezes, aocontrário do que pensam, acaba excluindo. Um dia escrevo sobre isso.

E a existÊncia, sobre ela, eu acho que ela precede a imagem. =X
^^'
=D ;***

asadebaratatorta disse...

"'Nosso potencial criativo depende da nossa capacidade de transformar' e de nos relacionar também. Sem esta relação talvez não tivessemos chegado onde chegamos e construído o que construimos."

É mesmo, flor. ;D

boa tarde. ;D =**

T. Alvez disse...

[seu blog tá uma coisa hoje pra abrir aqui...fechacolchete]


gosto bastante de pessoas com o mínimo senso de imaginação, faz os dias parecerem mais leves, feito o tsuru de papel...
confesso que eu caí no riso lendo o "Qüen". =P

e tu me roubou mesmo os colchetes que antecipam os famosos "P.S's"

=* rapaz

T. Alvez disse...

gosto bastante de pessoas com o mínimo senso de imaginação, faz os dias parecerem mais leves, feito o tsuru de papel...
confesso que eu caí no riso lendo o "Qüen". =P

e tu me roubou mesmo os colchetes que antecipam os famosos "P.S's"

=* rapaz

asadebaratatorta disse...

roubei! ^^ eu disse que ia roubar. ;D
=***

Anônimo disse...

tsuru
Genteeee....
amei a história do tsuru... vale salientar que Rapha já n precisa de muito pra viajar (né baby?)e pensar sobre existência e filosofar.... mas o tsuru foi ótimo... nunca escuto vc falar de sua infância, aliás, há mt tempo não escuto!

xeru ;)
Naanu

asadebaratatorta disse...

;)

prussiana disse...

sem contar a história da origem dos tsurus - que simbolizam boa-sorte, felicidade, saúde - e como eles, em bando de mil, passaram a ser enviados a Hiroshima em intenção aos mortos na tragédia atômica. quanta coisa envolvida! não há como eles não suscitarem boas reflexões. :)

Tamires disse...

as coisas mais simples da vida são as mais cativantes!
ai ai
saudade desses momentos assim ctg tio

"Imaginar é agir e significar (n)o mundo" >> tão lindo ^^

xero ;*

Santiago. disse...

cm vão as estações do ano, Raphael?

:D

asadebaratatorta disse...

A chuva tá mostrando sua face mais bela ultimamente. Ao lado de relâmpagos, trovões, raios e um cinza mais vívido que o simples concreto: um cinza móvel.
^^

Girabela disse...

e viva a Flor \o///