segunda-feira, 3 de março de 2008

Devaneios anti-conformistas I, II [fragmentos do livro]

I

É estranho pensar nisso agora. Se eu pudesse voltar atrás... Penso nas inúmeras possibilidades. Será que eu faria tudo novamente? Será que isso realmente importa? Talvez eu queira regredir e mudar o passado; transfigurar o presente e salvaguardar um futuro: aquele futuro promissor prometido ao menino que tirava boas notas na escola sem precisar estudar. Desejo este futuro agora, neste momento de fraqueza. Pura ilusão. Por mais que temido, o futuro é imprevisível.
Lembro do que minha mãe falava quando, aos dez anos, eu reclamava de qualquer coisa: "Meu filho, existem muitas pessoas em pior estado que você! Muitas não têm o que comer... Elas dariam qualquer coisa para estar no seu lugar"... Mas... Por que diabos isso é motivo de orgulho? Toda essa ladainha não é ridícula o suficiente? Eu tenho fome assim como as pessoas que têm fome. Muitas vezes eu também não desejo estar em mim. A comida, o maldito status, entre outras coisas, são capazes de nos diferenciar tanto assim? Então, eu deveria me conformar com a vida dos que têm fome e seguir em frente, pisando em seus consentidos sacrifícios e lavando com seu sangue a honra da minha ignóbil existência? Faça-me o favor...
Tudo isso é patético, assim como eu. Mas as pessoas acreditam. Elas escutam e veneram esse maldito conformismo. Como se eles não pudessem fazer nada; como se ninguém pudesse fazer nada a não ser seguir a própria norma que é ser feliz a qualquer custo. Que se dane...
Mas, se, de repente, algo dentro de nós partisse? Necessto da quebra dessas correntes. sinto, pouco a pouco, elas cederem... Dentro de pouco tempo estarei livre. Não restará senão um adeus.

II
Eu quero ir embora de verdade. Partir para sempre. Morrer sem que me reste uma lembrança deles em mim. Espero que todos me esqueçam logo. Eu, grão de areia navegante, desafiei a vida e a morte pelo que eu chamo de justiça. Tudo que consegui foi encarar inúmeras contradições; nada além do mais profundo sofrimento. Mais uma vez Falhei. Fui infeliz. Meu corpo mais parece um imã da sombra humana. Eu quis selar toda a dor em mim: compenetrar-me de todas as contradições; engolir a mentira, o ódio e a ganância; digerir a miséria, a solidão e a hipocrisia. Porém, meus atos pertencem a este lamentável mundo. Ele me é muito maior e meu estômago ferve. Melhor esquecer o altruísmo. Não adianta fazer de mim mesmo a caixa de pandora lacrada a sangue e fogo, trancar a minha boca e engolir a chave. Eu vomito aqui, na calçada. No passeio público, para todos vocês.
Por isso, eu rogo pela terra fria, pela bosta que nutre o solo, pois, em essência, minha existência é exatamente igual àquilo. Minha inutilidade teria fim de maneira honrada. Diferente das formas de morrer que eles aplicam hoje: trabalhar, enriquecer para poder ter vários carros e casas. Ter vários carros e várias mulheres; ter vários homens com vários carros: Ter uma vida para jogar na própria cara que não se é nada enquanto não se tem... Machismo, Feminismo e sexo. Eles, da mesma forma que eu, continuam morrendo a cada vez que gozam entre si, gozam neles mesmos, sangram, choram, temem a morte e não sabem por quê. Passam a vida como parasitas, se aproveitando do que podem; trepando, trepando e reproduzindo as mesmas contradições. Tudo isso é muito engraçado, mas me resta a pergunta: como sanar um mal que se autocondiciona?
A resposta para essa pergunta talvez mudasse o rumo de nossa bela evolução.


[Para breve, uma pequena ilustração da idéia de cidadania, dando um ar mais sério e desenvolvendo uma questão mais "relevante " às vidas dos meus queridos amigos. Peço-lhes perdão pelo tamanho do chocolate tipo pimenta na boca e na consciência. No final das contas, cada um poderá cuspir ou engolir.
Novamente, para breve, escreverei sobre a relevância de josé murilo de carvalho no entendimento da formação cidadania no Brasil; como tentativa de apenas ilustrar a complexidade desse fenômeno e como o caso de Cuba deverá ser seriamente observado se é do interesse das pessoas uma Cuba mais "democrática". E, como diz Thainá, os colchetes não me deixam mentir. =P]

17 comentários:

Cuidar do Ser - Terapias Holísticas Integradas disse...

Olá grande omi!! Que conincidência engraçada, quanto estava lendo os fragmentos do seu livro, o windows media play (estava aberto com músicas selecionadas do meu irmão-Wag) tocou The Unforgiven II de Metallica. Então antes de fazer mais comentários coloco alguns trechos iniciais da música (em portugues,pros leigos como eu entenderem)
O Imperdoável II

Deite ao meu lado,
Diga-me o que eles fizeram
Diga as palavras que eu quero ouvir,
Para fazer meus demônios fugirem
A porta está trancada agora,
Mas ela abrirá se você for verdadeiro
Se você consegue me entender,
Então eu consigo entender você

Deite ao meu lado,
Sob o céu maligno
O escuro do dia,
A escuridão da noite,
Nós compartilhamos esse paradoxo
A porta se quebrou,
Mas não há nenhum raio de sol através dela
O coração negro com medo permanece obscuro,
Mas nenhum raio de sol atravessa
Não, nenhum raio de sol atravessa
Não, nenhum raio de sol

O que eu senti,
O que eu soube
Virando as páginas,
Virando as pedras
Atrás da porta
Eu devo abri-la pra você?

Yeah,
O que eu senti,
O que eu soube
Doente e cansado,
Eu permaneci sozinho
Você poderia estar lá,
Porque eu sou aquele que espera por você
Ou você é imperdoável também?

Leila Soriano disse...

não se deve mesmo acreditar no conformismo. Mas como sempre prefere-se o que é mais fácil. E é bem fácil dissimular e fingir felicidade.

Cuidar do Ser - Terapias Holísticas Integradas disse...

Achei o sentimento da letra da música muito parecido com o do seu personagem...

"como sanar um mal que se autocondiciona?" Sem mais delongas, rapaz é complicado conversar sobre isso, porque não tem como não refletir um pouco,ou muito, sobre referenciais. Num sei se existe um referencial certo. Sabe. Um cara que quer trabalhar so pra ter um carro, casa e mulher (pra transar)mesmo fazendo isto de uma forma mecanica, é uma forma de viver.
E infelizmente, na parte superficial da psicologia, se o cara está bem com isso, se está sem conflito e esta vivendo feliz(oia o imperativo da felicidade), não se teria argumentos pra convencer o cara mudar de vida.
Também porque na psicologia clínica, por exmplo, a gente não pode influencia o cliente.
Mas, observo que esta forma de viver pra algumas pessoas traz um vazio. A partir deste incômodo é que as coisas são trabalhadas, e são refletidas outros caminhos.

Num ponto de vista mais social este questão, na minha opinião se complica mais. Porque a medida que uma pessoa por exemplo compra um tenis da Nike ela esta financiando a exploração de trabalho quase escravo na asia. Em outras palavras a medida que agimos no mundo e fazemos certas coisas estamos contribuindo com a permanencia dessas coisas(status quo, exploração, marginalização,...). Coisas que nem damos conta, que nem imaginamos.
So que o buraco ainda é mais em baixo. Outro aspecto intrigante é por exemplo o uso de carro para locomoção. Acabei de ver uma reportagem hoje a tarde que em São Paulo houve um engarrafamento de 150km, por causa do excesso de carro(a maioria apenas com um passageiro-o prórpio motorista). O Cara então pode usar onibus ou bicileta por exemplo. Vo me ater na bicicleta. Recife tem ciclovia?So em algumas partes. O Cara pode usar como argumento o uso do carro porque não é seguro andar de bike pela cidade. E ele não está errado. E ai como fica então as coisas?
Acho que o problema de pensar esta questão tendo em vista o social é como conciliar interresses antagônicos e conseguir conviver bem em sociedade.
Outro exemplo é como convencer uma pessoa a não tomar coca-cola,porque as fábricas da coca-cola retiram milhões e milhões de litros de água da índia, prejudicando a cidade local.

Como solução a estas questões, na minha opinião devesse conversar bastante sobre valores, ideais, princípios, respeito a vida, ética...pra não convencer ninguém a nada e sim contribuir para uma consciêntização, para que as pessoas aos poucos decidam o que é melhor para a sociedade, valorizar a vida ou o status, por exemplo.
E o pior é que enquanto estamos refletindo e decidindo aqui sobre tomar coca-cola,pra continuar o exemplo, rios podem se acabar na india.

E ai o buraco continua, o que é sociedade, quem é sociedade, e por ai vai. Ai vcs sabem melhor do que eu.
Num sei se respondi como você queria Rafa, mas me enpolgei bastante. Infelizmente "À sombra das maiorias silenciosas", o povo termina por reproduzir comportamentos que imagino nem sempre ter consciencia deles. Mas também encontramos pessoas na vida que pensam diferente. E ai a vida vai fluindo entre as diferentes percepções da vida, de consciencia, de aprendizado, de afeto...

Pra acabar so mais um ideia: ô galera das ciências sociais tomem muito cuidado com você mesmos.Vo explicar o porquê. Quanto estudei sociologia pra fazer minha monografia de conclusão do curso de psicologia, vi comentários e pespectivas muito negativas do mundo e das sociedades, principalmente nos aspectos políticos. Ai então entendi o porquê do olhar triste de muitos colegas da área de vocês. Isso muitas vezes sufoca aquela velha esperança de ver um mundo melhor. E pode trazer muito sofrimento e revolta.Por isso tomem muito cuidado com vocês. Na psicologia, pelo menos comigo, não me revolto muito, porque percebo haver melhoras, por trabalhar com pessoas individualmente. A gente vê a transformação da pessoa e isso é bem legal.

Chero grande pra Rafa e abração a todas e todos!!

asadebaratatorta disse...

haeiuhaeiuaeiuaeiuahi

=P

uai... acho que eu sou perdoável, gente. Até mesmo por que a culpa não é de todo minha, né ? =P Eu sou só a bola de neve catártica que rola montanha abaixo. Talvez um pouco de explicação, mas nada além disso.
Apesar das palavras ásperas do texto, eu gostaria de propor algo mais. ir além da observação do que é chocante. Como que se fosse necessário mudar de olhos para perceber aquilo que eu quero falar com toda essa pimenta. Não creio que seja fácil, né?

asadebaratatorta disse...

E seus comentários foram muito relevantes, homi. É mais ou menos por aí o meu ataque ao conformismo. Antes de mais nada, esse meu texto é ,no máximo, algo filosófico. Não pretendi tomar nenhuma postura científica daqui. E concordo com vc em relação ao mal-estar sociológico em relação à impotência do indivíduo que tem o status de sociólogo em relação às mudanças no mundo. Nâo que seja de todo mal, ma s alguams pessoa s preferem ler jornal. =P

Aí, eu também acho muita prepotência esse negócio de que podemos mudar o mundo em 5 dias. Como eu já disse antes, se observarmos a história humana em contexto com a história do universo, temos míseros 3 segundos de vida. Acho egocêntrico pensar que todas as catástrofes naturais nos dizem respeito, embora eu mesmo acredite que muitas delas são causadas por nós mesmos. Mas é preciso tomar cuidado aí. Esse comportamento egocêntrico se manifesta em vários outros aspectos da vida humana.
Criamos boa parte de nossas limitações, é certo. Transfiguramo-nas também. Muitas são tão sólidas que nós mesmo levariamos anos para romper com elas. Muitas são tão antigas que... Eu nem sei.

Já perdi a esperança boba de mudar o mundo em um determinado tempo. Ou com a minha própria vida. Mesmo por que eu preciso melhorar tanto ainda... E Tantas pessoas vão entender tudo diferente do que eu quero passar. Tem sempre algo que se perde na comunicação. Tem algo que se ganha também. enfim, se eu melhorar tudo isso e conseguir me melhorar em 10 por cento, me darei por satisfeito. Meus interesses são, de certa forma, mais normativos que a psicologia clínica, né?:p
vamos ver... =P

Anônimo disse...

Erik falou tudo! É inegável a existência de todos esses problemas e mazelas sociais, é inegável a disparidade que enoja nossa sociedade, é triste que muitos tenham nada e poucos tenham muito... mas é também inegável que dentro de cada ser humano há uma busca pelo conforto, pela auto-realização, pelo sentimento de felicidade.... e isso envolve desde o ato de saciar a fome até o sentimento de prestígio por ter um trabalho bem sucedido! a questão é a ética, e digo isso pensando individualmente, porque antes de sermos um grupo, somos nós mesmos! se não plantamos o respeito ao outro dentro de nós, não seremos capazes de passar essa ética aos nossos filhos, amigos, alunos... será mesmo que é errado tomar continuar tomando coca-cola, ou a atitude deveria partir de quem faz a coca-cola? as pessoas são diferentes (e graças a Deus que é assim), as chances de convencer milhões de pessoas no mundo inteiro de que beber coca-cola traz danos ao povo indiano é ínfima se pensarmos no efeito que todo o dinheiro gasto com um dos melhores marketings internacionais causa às pessoas... enfim, vendo o lado bom da coisa, como Erik falou, hoje é imprescindível a qualquer empresa, de qualquer setor, preocupar-se com os valores socio-ambientais.... vcpode pensar: isso n resolve nada! e eu te digo: é aquela história do passarinho que tenta apagar o incêndio sozinho levando água no próprio bico, ele pode não apagar, mas faz a parte dele! faça a sua parte!!! seja crítico, é ótimo que algumas pessoas consigam ver a realidade como ela é, mas nãoa dianta apenas reclamar e tecer discursos socialistas no mundo em que vivemos hoje!
Um abraço a todos!
Rapha, texto ótimo... um tanto quanto carnal,visceral, mas mt bom!
Te amo
"Naanu"

asadebaratatorta disse...

carnal, visceral.. hahaha...
era o intuito.

Pois é... Eu acho esse imperativo da felicidade algo também discutível.
Mudar a discussão da sociedade civil para as insituições é uma coisa interessante. Isso pode significar fazer pressão para políticas públicas nesse sentido, o que demosntra uma via mais eficaz de controle das empresas. Acho que é preciso trabalhar os dois. E, antes de tudo, o que eu venho batendo no texot, acho que é preciso trabalhar esse conformismo. Essa postura de que não podemos melhorar as coisas. E sei que posso parecer contraditório, pq disse no ocmentário passado que eu já me desiludi dessa coisa de mudar o mundo significativamente. mas eu estava falando de eu, apenas eu, só. Acredito que podemos mudar o mundo, e se muita pesoa s o querem ,as coisas podem até ficar mais fáceis, em alguns aspectos. novamente, isso tem que ser uma coisa gradual. Não podemos alimentar uam esperança messiânica de mudaras coisas do dia pra noite. Não somos messias, somos pessoas. Fiquemos com nossa parcial insignificância.

Cuidar do Ser - Terapias Holísticas Integradas disse...

Valeu "Naanu" pelo elogio!!
Fiquei preocupando em estar cientifizando demais o assunto. Mas to percebendo que a conversa ta ótima!
Queria acrescentar que concordo com Rafa quanto tu falas sobre a esperança Messiânica de mudar as coisas, porém percebo em mim que tenho esta velha esperança não de mudar o mundo, mas sim como a colega falou ser um passarinho que faz a parte dele em apagar o incendio na floresta. Não é mudar o mundo, é contribuir para um mundo melhor, fazendo as vezes ajudas "pequenas" e outras vezes fazendo algo mais além do meu alcance.

Eu tava pensando quanto tava falando da coca-cola que por mais que eu tente não tomar, tem horas que não consigo, e outras vezes é a única coisa pra tomar como bebida em um almoço. Muitas vezes é porque todos ao meu redor pedem coca-cola e outras é por costume de tomá-la em um dia muito quente.
É nessas horas que percebo que minha consciencia vai pro espaço e o condicionamento impera.

E lembrei tb que uma vez quanto estava voltando de um cinema a noite bem tranquilo, e acho que comi uma pizza ou um hamburger, tava com minha namorada e eu falei pra mim mesmo, poxa tem coisas da vida capitalista que é massa. Depois eu parei e fiquei preocupado com o que falei, e me dei conta que é muito difícil sair 100% da vida capitalista seja pelo conformismo, pelo condicionamento, seja por escolhas, seja por um comportamento mecânico, seja pelo nosso mundo ocidental capitalista.

É foda!: )

asadebaratatorta disse...

é foda mesmo, homi. oa, só pra marcar, eu tbm acredito nesse papo de mudar o mundo. Se não nem teria escrito nada aqui, né ?:p sejamos honestos, ou pelo menos um pouco honestos.. =P haha

Tem coisas boas no mundo capitalista sim. PArece que às vezes é preciso descansar, mudar, elaxar. e um hamburguer com coca cai muito bem =P
mas, o que esperar de nós, contraditórios, imersos em um modelo, essencialmente, contraditório? =P

Tamires disse...

tio, não li os comentários pq seus amigos são mto inteligentes e essas suas filosofias são mto complexas pra minha cabecinha rs

engraçado... eu amoooo colchetes ;D

engraçado[2]... eu tava pensando sobre as contradições dos seres humanos essa semana (veio junto com todo aquele pensamento sobre egoísmoq comentei ctg ^^)

bommm... oq eu vou falar agora não eh engraçado... mas vale comentar ne? o conformismo (acho eu) é a forma que o ser humano encontra pra se adequar a sociedade... se ajustar... fica todo mundo igualzinho, caladinho, aceitando a vida como ela é! xD
"Tudo isso é patético, assim como eu. Mas as pessoas acreditam." Euu concoordooo (e tb acredito!) :p

Marcolino disse...

Olha... não se zangue, mas te achei muito extremista nesse post. Seus comentários aqui não pareceram tanto, mas o texto do post me deu essa impressão.

Nos últimos tempos tenho acreditado que a vida, de uma forma geral, é uma coisa até bastante simples; o que complica tudo é ficarmos tentando entendê-la.

Bom, algumas coisas que tenho a comentar:

Eu acho que (me refiro a mim, mas isso diz respeito a qualquer um) eu não nada a ver com o mundo todo. Eu não vou acabar com o aquecimento global. Eu não vou acabar com a fome na África. Eu não vou acabar com a quase-escravidão que as multinacionais impõem na Ásia. Eu não vou acabar com as guerras no Oriente Médio. Eu não vou nem acabar com a seca no sertão. Eu não vou salvar o mundo. E eu não tenho que entrar em depressão por causa disso. Eu não sou o Capitão Planeta ou o Superman. Ninguém espera que eu seja um super-herói. Eu não tenho que ser um super-herói.

Mas não venham me dizer que eu desisti do mundo, que eu perdi a esperança num mundo melhor e o caralho a quatro, só porque eu penso assim.

O que eu tenho que fazer, e vou fazer, e faço, é me preocupar com o MEU mundo. Eu tenho que me preocupar em trabalhar o meu espírito e, por tabela, os das pessoas que me rodeiam, e, assim, construir o meu mundo aqui. A partir dessa construção, eu posso vir a exercer algum efeito positivo no resto do mundo. Ou não. Eu não vou ser condenado por não salvar o mundo. O que não quer dizer que eu não vá tentar. Eu só não vou fazer greve de fome, pegar o primeiro vôo pra Bangladesh e me acorrentar na porta de uma fábrica pra tentar acabar com a exploração do trabalho infantil.

Encarem um super-herói como uma metonímia: ele representa toda a humanidade; não uma só pessoa. É idiotice e uma prepotência sem tamanho querer acabar com os problemas do mundo sozinho. Para sermos um super-herói, cada um tem que fazer o que está a seu alcance - e isso não é tão pouco assim; mas também não é tanto.

Marcolino disse...

*eu não TENHO nada a ver...

Marcolino disse...

Quanto à história da Coca, concordo com Naanu.

Eu sou um cocólatra típico. E não tenho a consciência pesada porque contribuo com a quase-escravidão que tem por trás daquela deliciosa mistura de cafeína e soda cáustica. Se eu parar de beber Coca, só estarei punindo a mim mesmo. Quem faz a Coca vai continuar explorando o trabalho das criancinhas asiáticas. Ou eu organizo um boicote astronômico ou uma passeata/protesto maior ainda, ou continuo bebendo Coca.

(desconsidera que eu tô bebendo desentupidor de pia e que ia tar me fazendo um favor em parar de beber. a Coca ali é simbólica =P )

asadebaratatorta disse...

Ah, marquitos, pq a ofensa? A intenção do texto era ser extremista sim. E fazer pessoas reagirem. Parabéns por reagir =D

Não faço isso aqui pras pessoas concordarem com o que eu digo. E às vezes eu queria dize r que o céu e rosa-choque só pra ver a cara que fazem.

Concordo com vc que VC não vai mudar o mundo substancialmente e não poderia ser culpado por isso. Mas lembre que o texto não fala de vc, mas da coletividade. Tudo bem uq e vc não faz nada. Nem poderia fazer sozinho. Mas, se a gente pens a na soma de todas essas ações, qual o resultado?
O texto em si é bastante extremista mesmo. E até pode assustar. Mas isso não tira o peso do que o texto pretende dizer. E dizer tudo isso que vc disse acaba não mudando o fato que o texto também acusa. =P

Eu queria que isso fosse um calo no pé. uma coisa que incomodasse, mas que levasse-nos a refletir e não a simplesmente a nos proteger e a defender o nosso legado.
Sei que pode ser loucura o que pretendi com isso. ;D
E entendo o que vc quis dizer e não fico chateado com vc em momento algum. ^^
;*

Marcolino disse...

^^

desculpa se cortei seu barato.

mas a verdade é que eu sempre pensei nisso tudo que o texto fala. em mudar o mundo coletivamente, a partir de nossos próprios "mini-mundos". e sempre tento fazer isso.

não tinha visto o texto como um estimulante a uma reação. agora que vejo, digo que fez bem, meu querido. isso tudo com certeza incomoda qualquer um que já não esteja habituado ao calo no pé.

^.^

;**

Marcolino disse...

*habituado. não acomodado. ;p

asadebaratatorta disse...

eu entendo sim, meu amigo. ;*