domingo, 23 de novembro de 2008
Bergson
mover-se no irreal. Uma mente nasce para especular ou
para sonhar, admito, deve permanecer fora da realidade,
deve deformar ou transformar o real, talvez até criá-lo –
como criamos figuras de homens e animais que nossa
imaginação recorta das nuvens que passam. Mas um
intelecto que dobra o ato a ser atuado e a reação que se
segue, sentindo seu objeto enquanto capta sua impressão
de movimento a cada instante, é um intelecto que toca
algo do absoluto”
Bergson, página onze de "A evolução Criadora"
Diálogo com pragmatistas? anti-Kantismo?
=P
sexta-feira, 14 de novembro de 2008
domingo, 9 de novembro de 2008
Cotidiano - ?
Sim, ou meljor, não. Eu não estava me divertindo.
Porém, por alguma razão mística, apareci no quintal de casa. O que vi? Meu primo de 6 anos, Danilo, jogando pedras num gato que estava em cima da cisterna, do lado de cá do muro. Quando ele preparava a terceira pedra, me aproximei e disse em tom questionhador:
- Danilo, por que você está jogando pedra no gato? - no mesmo instante, ele largou a pedra no chaõ e ficou pensativo. O gato terminou de fugir. Eu insisti, enquanto ele virava os olhinhos pra dentro de si: - por que?
E ele respondeu: - é por que ele pulou. Ele pulou pra cá!
E eu: - Sim, e o que é que tem ele pular pra cá?
E ele: - ele veio pra cá fazer cocô...
Eu: - e o que é que tem ele fazer cocô na terra?
Ele: - por que eu vou pisar no cocô sem ver...
Eu: - certo. mas se você pisa no cocô sem ver, a culpa é do gato?
(silêncio)
Eu: - se o gato faz cocô na areia, você não presta atenção onde pisa e pisa no cocô do gato, quem é o besta da história? - Ele, com cara de contrangido, e era visível na face dele, tentava me dizer algo.
Eu: - você... você é o besta da história! - e ele, depois de alguns segundos, ainda olhando pra dentro de si, repetiu:
- eu sou o besta. E então, fez uma cara esquisita e saiu correndo.
=P
Interessante...
domingo, 26 de outubro de 2008
Vertigem - ou o que é "ciência social"
Pense que muitas daquelas pessoas podem lhe ser hostis; causar dor. Mas elas não devem ser assim com todo mundo. Elas cometem crimes hediondos, praticam uma conduta deplorável ou mesmo conseguem manter-se coerentes. Ainda têm ou tiveram mãe, pai... alguém de quem elas pudessem gostar e que gostassem delas também. É possível que algumas pessoas possam machucar muita gente, mas nunca machucariam uma ou duas pessoas em especial. Por que isso ocorre?
Outra pessoa se jogou do alto de um prédio. Muitas pessoas puderam ver o seu sangue. As aulas pararam? O sangue parou no asfalto, assim como o corpo sem vida. Teorizaram, confabularam. Alguns passaram mal, outros não quiseram olhar para baixo e ver a mancha de sangue. Alegaram sensibilidade. Não duvido. 10 minutos depois estávamos confabulando sobre os problemas da América Latina. O fato é que eu me senti mesmo como o que li no prefácio do livro do Afonso, que tem uma parte de uma carta do Henfil.
Uma pessoa teve o crânio esmagado. A vida continua. As pessoas continuam comprando, comendo, bebendo, conversand ou namorando naquele mesmo parque. Lavado tantas vezes, mas carregado do mesmo cheiro de sangue.
E o que eu tinha de mais importante pra dizer se perdeu outra vez....
domingo, 5 de outubro de 2008
O Sol...e Nós

Este sol... é o sol, ou somos nós? Ele é você? Eu? E se ele não estivesse lá quando foi tirada a foto? E se nós não estivéssemos aqui, agora, nesta página de blog? Que seria do "sol"? Que seria de "nós"? Talvez, entre "Nós" e "Ele" haja um elo, um fio fino como uma borda de ouro de porcelana e forte como uma montanha. Algumas pessoas nomearam este elo de Consciência.
sábado, 20 de setembro de 2008
Sim, Tutu. Pra quem não tinha entendido antes, no pó também se encontram sementes. É muito interessante poder ler nossas coisas antigas, né? Fico contente de naqueles momentos eu ter exposto tais coisas, e ter refletido de forma tão interessante sobre elas; e pelo simples fato de as pessoas terem lido e refletido também! Sinto alguma falta disso agora, que não disponho de tanto tempo livre. Longe de estar vazio. E sim, por um lado, é como se as sementes começassem a brotar e algo novo a surgir. Algo que de novo parece mesmo não ter nada. A novidade é cada dia que passa. Às vezes é importante contemplar isso. Sinto vontade de publicar aqui mais um escrito de janeiro. Mas antes, eu queria agradecer a Flor pelo tempo mais suave e mais intenso que pude passar até então. De relógio são um pouco mais que 4 meses. Já? Ainda?
enfim... Espero que Rodrigo leia e comente sobre. Há tempos que ele me deve um escrito sobre o meu escrito:
"Dizem que se olho bem à frente, daqui do alto deste edifício, acima, buscando o horizonte, posso ver o mar. Vejo-o bem à minha frente: verde-azul flamejante, que vai e vem. Porém, se não vejo tão distante, se não procuro pela superioridade de sua existência, abaixo do edifício, a caminho terreno do oceano, entre as avenidas repousa o canal. Não sei dizer ao certo sua cor. Quanto mais perto de mim fica o meu olhar, quanto mais limitado, menos do mar verde-azul eu consigo captar. Qual das visões é a verdadeira?
Os ônibus passam cheios de pessoas. as ruas cheias de pessoas. O que são essas faces? Não compreendo. Faces, interagindo umas com as outras e com a pele crua da realidade, a ponta do iceberg que há milênios parece furar-nos os olhos. O que há?
Face de raiva por causa do ônibus. Não. Por causa do motorista de ônibus que acaba dequeimar a parada. A moça esbraveja, gesticula... ela parece não estar ali. É engraçado... Nesses instantes, para eles - as pessoas -, é como se não houvesse "mundo", e muito menos "eu". Tudo parece girar em torno dos seus desejos sem controle. Eles tornam-se sua própria imagem. Em poucos segundos... Até que voltam as faces. No instante tempestuoso da alma humana, o que está nos olhos chorosos e que não se sente, o que está na dor, na alegria, na esperança: a chave da incompreensão. É como se não percebessem, de fato. O quanto não são por seu puro e simples desejo de ser. Durante a mínima fração de tempo desmascarada, não sabem que são. São; diferente dos seus próprios desejos, do "mundo", de eu, você, mim, nós e eles. Mas não. Facilmente confundem desejo e vontade; perdem a consciência de si em troca de... É preciso transcender a isso. Se não, pouco a pouco, não haverá mais "mundo". Não haverá mais eu, você, ele... Nós."
10 de janeiro, 2008.
sexta-feira, 5 de setembro de 2008
Verso 38 - SOBRE AS VIRTUDES
O homem de Virtude Superior não está preocupado com sua virtude porque ele é virtuoso.
O homem comum fica preocupado com suas virtudes porque não é virtuoso.
O Sábio parece que nada faz pois permanece na não-ação.
Certamente nada fica sem ser feito.
O homem inferior se movimenta muito e certamente deixa de realizar o essencial.
A Benevolência precisa atuar mesmo sem objetivos.
A Justiça precisa atuar e procura um objetivo.
O Dogma precisa atuar através da observação e a força para submeter os homens.
Por isso quando o Tao se perde, aparece a virtude.
Quando a virtude se perde, aparece a benevolência.
Quando se perde a benevolência aparece a Justiça.
Quando a Justiça se perde, aparecem os dogmas e o moralismo.
Os dogmas e o moralismo são a casca da fidelidade e da lealdade e o começo da confusão.
Os adivinhos e falsos profetas são a aparência do Tao e o começo da estupidez.
Por isso o Sábio conserva-se na Infinita Profundidade e não na superfície.
Habita no fruto e não na flor.
Vive no ser, e não na aparência.