segunda-feira, 12 de maio de 2008

Auto-destruição.

[Hoje eu tô meio auto-destrutivo, sabe? Por isso vou postar uma cena de um conto que eu ando escrevendo. Meu maior conto concreto até agora{!!!}. Consegui começar a escrevê-lo graças a uma certa pesoa que me emprestou uma caneta. Não sei o que seria de um "escritor" tão irresponsável não fosse a boa vontade alheia. =P]


I

Estava na varanda do décimo andar.Olhava todos lá de cima e eles estavam tão pequenos. O caos reinava: entre carros, pedestres, motos e ônibus: a cada fração de esquina que observava, menos era possível definí-la. O movimento. Poucas cabeças voltavam-se para cima, para o céu, como parece ter previsto um apocalíptico dos anos 30. E, de lá de cima, realmente não havia grande sensibilidade à morte. Se uma imensa pedra caísse do oitavo andar, esmagando muitos corpos, não haveira grandes danos; sequer um tenebroso impacto sobre sua psiquê. De longe, a morte nos mostra o seu caráter banal. Pensou que se estivesse lá, embaixo, ou mesmo em um andar abaixo de onde cairia a suposta pedra, então haveria o terror e o cheiro de sangue em suas narinas. Não sei qual a visão perfeita da morte, se de perto, ou de longe. Não sei qual das duas é pura ilusão. Talvez ambas...

E ele queria ser uma imensa pedra na vida de uma pessoa. De tanto olhar para o chão, observar os pobres mortais saindo e entrando de sua s casas de formiga, perdeu a noção de onde ele mesmo estava. Arrisco dizer que, ao breve movimento das nuvens que ninguém vê, ele já não sabia mais quem era.
Com um anel prateado em mãos e o rosto apocalíptico dos suicidas corajosos, decidiu que de cima abaixo ele poderia ser a imensa pedra. No ranger dos seus dentes amarelados de uma juventude sem brilho, ele carregava a nítida expressão de que era preciso machucar alguém. Não dise uma palavra. Sentou-se à beira da janela para lugar nenhum. Com o anel prateado na palma da mão esquerda, esboçou um choro inconsolável. Engoliu-o. Sua face ficava levemente pálida. Lá de cima, a cada segundo, ele se convencia de que era a grande pedra. A gravidade é implacável. Pensou que seria indiferente para ele ver sua morte daquela altura. Se pudesse fotografar a cena do alto e fechar os olhos... E, como se ´pudesse estar em dois lugares ao mesmo tempo, ator e platéia, pulou. Não houve como eu dizer que, assim como o seu corpo, sua visão de si mesmo cairia andar por andar; até o chão. Ele parecia não me notar ali... Caiu e não pude ver a última expressão de sua face intacta. Não fez barulho, lá de cima. Não estava mais ali... Nada. A noite seguiu calmamente.


* * *

9 comentários:

T. Alvez disse...

continue, continue!
acompanharei com toda sensibilidade que me couber.

:*

asadebaratatorta disse...

=) Não sei se as pessoas gostam muito do gênero, mas... =P
;*

Tamires disse...

eh deprimente tio =/
o texto ta mto bom (como tds os que vc escreve, diga-se de passagem)
mas eu não curto mto o gênero rs
hummm
tb não gosto dos suicidas!
a vida é mais do que tristeza e depressão, se a gente num imaginar que pode melhorar (nem sempre pode ne? mas...) a gente num vive!
é tão triste :'(

asadebaratatorta disse...

Pq vc não gosta dos "pobres suicidas"? eles incomodam tua filosofia de vida, tia? ^^'
O gênero não é bem esse. E é. =P
Bom, isso é a primeir a cena do conto só. hahaha ^^''
Tem mto sofrimento pela frente aí. só hj eu já escrevi 3 páginas. =P

Exsite algo de proveitoso nisso daí. Não é tristeza de graça. ^^'

te amo, tia. ^^
;*

Unknown disse...

'Curiosa' para saber ou ler o conteúdos das três páginas. ;p
=)
=****
Um ótimo abraço!!!

asadebaratatorta disse...

Eu te mostro, eu te mostro! ^^'
Abraço gigante pra vc, flor.
=*

Santiago. disse...

pow.. isso é de existencialismo exorbitante...
falando em existencialismo, um dia desses tava vendo um vídeo do ferreira gullar. E ele dizia que a vida era uma invenção, e que se vc quisesse inventá-la p ruim, vc inventava, se quisesse p/ o bem, tb era possível. Pra ele a verdade sobre a existência n existe, e q ningm sabe realmente qual é seu sentido. Dizr q tudo é uma merda, n ajuda ningm, vc pode até ganhar o prêmio nobel, no entanto ele prefere pessoas q colocam a "vida p/ cima", justamente pelo fato de ningm sabr qual é a verdade.

abraço.

Santiago. disse...

*é de um existencialismo

asadebaratatorta disse...

hahaha =P Calma, rodrigo. Essa é a primeira cena do conto só. =P
Esse negócio de Ferreira Gullar é mesmo interessante. Porém, uma mera descrição de um fato, associada a um conjunto de significantes, pode sim, por bem ou por mal, conotar um mundo de sofrimento. E não é ruim. Ruim seria ficar apenas nisso, ou não fazer nenhuma reflexão a respeito.

Sobre o existencialismo exorbitante, é um pouco a intenção. Pelo menos na primeira parte do conto.
Não pretendo postar o resto dele, mas se você quiser, eu mostro. ^^
Ele já vai em 5 páginas do meu caderno de aula.


abraço, velho. ^^