["O homem objetivo, que já não amaldiçoa nem xinga como o pessimista, o erudito ideal, no qual o instinto científico vem a florir por inteiro, após mil malogros totais e parciais, é seguramente um dos instrumentos mais preciosos que existem: mas isto nas mãos de alguém mais poderoso. Ele é apenas um instrumento; digamos que é um espelho - não uma finalidade em si." Nietzsche -Para além do bem e do mal.]
Mancharam tudo de tinta. Os muros, os loudos, as casas e até as árvoras, coqueiros. Armaram árvores de brinquedo e lhe colocaram bolas e luzes. Luzes multicoloridas. Compraram roupas novas, presentes, fantasias, maquiagem, calçados. "ficar mais bonito"; "ficar atraente". Podaram as árvores segundo sua própria estética. Fizeram a barba, depilaram-se. Nada contra.
Crianças brincam, choram.... Todas juntas. Todos juntos. Sorrindo em suas bocas enquanto alguns se alegram do espírito. Por quê? Qual é mesmo o motivo disso tudo? Todos reunidos. Mesa farta. Os velhos falam de algum nascimento. Crianças brigam pelo que "é meu, tia! Não dou!". Adultos bebem até o entorpecimento. Tudo por um momento. A meia noite se aproxima. E... depois... Eles continuam os mesmos. Mas, máscaras belíssimas. Sem dúvida: as máscaras mais bonitas do ano.
24 dedezembro, 2007.
sexta-feira, 28 de março de 2008
domingo, 16 de março de 2008
colchetes II
[ Preciso agradecer a breno pelo papel e pelo lápis. E a breno e leila por serem meus ouvintes hoje. ultimamente tenho querido ser ouvido. Mais que ouvido, até... Então, entre todos os surrealismos desse fim de semana, aqui vai um breve diálogo.]
-- Qual a maneira mais simples, prática e rápida de o homem viajar de país em país de um determinado continente?
--Comprando passagens e voando de avião, senhor!
--Está certo, garoto. Hoje eu concordo. Porém, isso só se aplica à nossa limitada percepção de tempo.
-- Hein? Como assim, senhor?
--Quantos mil anos o homem levou para aperfeiçoar técnicas, descobrir lógicas e construir o avião?
--Creio que muitos, senhor.
-- Pois então. Você acha que chegaríamos mais rápido lá assim ou andando?
. . .
-- Qual a maneira mais simples, prática e rápida de o homem viajar de país em país de um determinado continente?
--Comprando passagens e voando de avião, senhor!
--Está certo, garoto. Hoje eu concordo. Porém, isso só se aplica à nossa limitada percepção de tempo.
-- Hein? Como assim, senhor?
--Quantos mil anos o homem levou para aperfeiçoar técnicas, descobrir lógicas e construir o avião?
--Creio que muitos, senhor.
-- Pois então. Você acha que chegaríamos mais rápido lá assim ou andando?
. . .
terça-feira, 11 de março de 2008
colchetes
[Queria falar pra thainá que esses colchetes me deixam mentir sim. Mesmo que depois eles me incriminem, como agora. Não tenho mais a pretensão de escrever sobre cidadania ou qualquer coisa do gênero. Pelo menos não agora e sem vírgula. Tudo que eu queria escrever agora: agonia, esquizofrenia, vertigem, náusea, insônia, tontura, enjôo... Eduardo disse. É verdade. Eu morro de medo de ficar louco.]
"... De repente, passava a reproduzir tudo aquilo que observava: as idéias passaram a fluir em sua cabeça como se fossem suas. no fim de sua pretensa reflexividade, nublou-se com as constatações do seu coração[...]
Viu as árvores, o sol poente, a terra e o asfalto. fitou o sol como a um mito; olhou, estendeu o braço, quase o tocou em si. Piscou, andou dois passos e realizou: parte de sua visão estava ofuscada. Olhou para as pessoas que lhe vinham em sentido contrário. Não conseguia definir seus rostos. Tudo era amórfico e aquela substância verde-azul-reluzente lhe enchia os olhos. A mancha era agora projetada. Olhou novamente as árvores, a terra, os edifícios de concreto e o sol. Fechou os olhos. nada. Abriu-os. Tudo. Sorriu. Tão profunda foi aquela experiencia para ele... Que posso eu enquanto observador? Afinal, a vida é tão profunda e tão dispersa que eu não poderia restringi-la à terceira pessoa do singular."
O observador, janeiro de 2008.
"... De repente, passava a reproduzir tudo aquilo que observava: as idéias passaram a fluir em sua cabeça como se fossem suas. no fim de sua pretensa reflexividade, nublou-se com as constatações do seu coração[...]
Viu as árvores, o sol poente, a terra e o asfalto. fitou o sol como a um mito; olhou, estendeu o braço, quase o tocou em si. Piscou, andou dois passos e realizou: parte de sua visão estava ofuscada. Olhou para as pessoas que lhe vinham em sentido contrário. Não conseguia definir seus rostos. Tudo era amórfico e aquela substância verde-azul-reluzente lhe enchia os olhos. A mancha era agora projetada. Olhou novamente as árvores, a terra, os edifícios de concreto e o sol. Fechou os olhos. nada. Abriu-os. Tudo. Sorriu. Tão profunda foi aquela experiencia para ele... Que posso eu enquanto observador? Afinal, a vida é tão profunda e tão dispersa que eu não poderia restringi-la à terceira pessoa do singular."
O observador, janeiro de 2008.
segunda-feira, 3 de março de 2008
Devaneios anti-conformistas I, II [fragmentos do livro]
I
É estranho pensar nisso agora. Se eu pudesse voltar atrás... Penso nas inúmeras possibilidades. Será que eu faria tudo novamente? Será que isso realmente importa? Talvez eu queira regredir e mudar o passado; transfigurar o presente e salvaguardar um futuro: aquele futuro promissor prometido ao menino que tirava boas notas na escola sem precisar estudar. Desejo este futuro agora, neste momento de fraqueza. Pura ilusão. Por mais que temido, o futuro é imprevisível.
Lembro do que minha mãe falava quando, aos dez anos, eu reclamava de qualquer coisa: "Meu filho, existem muitas pessoas em pior estado que você! Muitas não têm o que comer... Elas dariam qualquer coisa para estar no seu lugar"... Mas... Por que diabos isso é motivo de orgulho? Toda essa ladainha não é ridícula o suficiente? Eu tenho fome assim como as pessoas que têm fome. Muitas vezes eu também não desejo estar em mim. A comida, o maldito status, entre outras coisas, são capazes de nos diferenciar tanto assim? Então, eu deveria me conformar com a vida dos que têm fome e seguir em frente, pisando em seus consentidos sacrifícios e lavando com seu sangue a honra da minha ignóbil existência? Faça-me o favor...
Tudo isso é patético, assim como eu. Mas as pessoas acreditam. Elas escutam e veneram esse maldito conformismo. Como se eles não pudessem fazer nada; como se ninguém pudesse fazer nada a não ser seguir a própria norma que é ser feliz a qualquer custo. Que se dane...
Mas, se, de repente, algo dentro de nós partisse? Necessto da quebra dessas correntes. sinto, pouco a pouco, elas cederem... Dentro de pouco tempo estarei livre. Não restará senão um adeus.
II
Eu quero ir embora de verdade. Partir para sempre. Morrer sem que me reste uma lembrança deles em mim. Espero que todos me esqueçam logo. Eu, grão de areia navegante, desafiei a vida e a morte pelo que eu chamo de justiça. Tudo que consegui foi encarar inúmeras contradições; nada além do mais profundo sofrimento. Mais uma vez Falhei. Fui infeliz. Meu corpo mais parece um imã da sombra humana. Eu quis selar toda a dor em mim: compenetrar-me de todas as contradições; engolir a mentira, o ódio e a ganância; digerir a miséria, a solidão e a hipocrisia. Porém, meus atos pertencem a este lamentável mundo. Ele me é muito maior e meu estômago ferve. Melhor esquecer o altruísmo. Não adianta fazer de mim mesmo a caixa de pandora lacrada a sangue e fogo, trancar a minha boca e engolir a chave. Eu vomito aqui, na calçada. No passeio público, para todos vocês.
Por isso, eu rogo pela terra fria, pela bosta que nutre o solo, pois, em essência, minha existência é exatamente igual àquilo. Minha inutilidade teria fim de maneira honrada. Diferente das formas de morrer que eles aplicam hoje: trabalhar, enriquecer para poder ter vários carros e casas. Ter vários carros e várias mulheres; ter vários homens com vários carros: Ter uma vida para jogar na própria cara que não se é nada enquanto não se tem... Machismo, Feminismo e sexo. Eles, da mesma forma que eu, continuam morrendo a cada vez que gozam entre si, gozam neles mesmos, sangram, choram, temem a morte e não sabem por quê. Passam a vida como parasitas, se aproveitando do que podem; trepando, trepando e reproduzindo as mesmas contradições. Tudo isso é muito engraçado, mas me resta a pergunta: como sanar um mal que se autocondiciona?
A resposta para essa pergunta talvez mudasse o rumo de nossa bela evolução.
[Para breve, uma pequena ilustração da idéia de cidadania, dando um ar mais sério e desenvolvendo uma questão mais "relevante " às vidas dos meus queridos amigos. Peço-lhes perdão pelo tamanho do chocolate tipo pimenta na boca e na consciência. No final das contas, cada um poderá cuspir ou engolir.
Novamente, para breve, escreverei sobre a relevância de josé murilo de carvalho no entendimento da formação cidadania no Brasil; como tentativa de apenas ilustrar a complexidade desse fenômeno e como o caso de Cuba deverá ser seriamente observado se é do interesse das pessoas uma Cuba mais "democrática". E, como diz Thainá, os colchetes não me deixam mentir. =P]
É estranho pensar nisso agora. Se eu pudesse voltar atrás... Penso nas inúmeras possibilidades. Será que eu faria tudo novamente? Será que isso realmente importa? Talvez eu queira regredir e mudar o passado; transfigurar o presente e salvaguardar um futuro: aquele futuro promissor prometido ao menino que tirava boas notas na escola sem precisar estudar. Desejo este futuro agora, neste momento de fraqueza. Pura ilusão. Por mais que temido, o futuro é imprevisível.
Lembro do que minha mãe falava quando, aos dez anos, eu reclamava de qualquer coisa: "Meu filho, existem muitas pessoas em pior estado que você! Muitas não têm o que comer... Elas dariam qualquer coisa para estar no seu lugar"... Mas... Por que diabos isso é motivo de orgulho? Toda essa ladainha não é ridícula o suficiente? Eu tenho fome assim como as pessoas que têm fome. Muitas vezes eu também não desejo estar em mim. A comida, o maldito status, entre outras coisas, são capazes de nos diferenciar tanto assim? Então, eu deveria me conformar com a vida dos que têm fome e seguir em frente, pisando em seus consentidos sacrifícios e lavando com seu sangue a honra da minha ignóbil existência? Faça-me o favor...
Tudo isso é patético, assim como eu. Mas as pessoas acreditam. Elas escutam e veneram esse maldito conformismo. Como se eles não pudessem fazer nada; como se ninguém pudesse fazer nada a não ser seguir a própria norma que é ser feliz a qualquer custo. Que se dane...
Mas, se, de repente, algo dentro de nós partisse? Necessto da quebra dessas correntes. sinto, pouco a pouco, elas cederem... Dentro de pouco tempo estarei livre. Não restará senão um adeus.
II
Eu quero ir embora de verdade. Partir para sempre. Morrer sem que me reste uma lembrança deles em mim. Espero que todos me esqueçam logo. Eu, grão de areia navegante, desafiei a vida e a morte pelo que eu chamo de justiça. Tudo que consegui foi encarar inúmeras contradições; nada além do mais profundo sofrimento. Mais uma vez Falhei. Fui infeliz. Meu corpo mais parece um imã da sombra humana. Eu quis selar toda a dor em mim: compenetrar-me de todas as contradições; engolir a mentira, o ódio e a ganância; digerir a miséria, a solidão e a hipocrisia. Porém, meus atos pertencem a este lamentável mundo. Ele me é muito maior e meu estômago ferve. Melhor esquecer o altruísmo. Não adianta fazer de mim mesmo a caixa de pandora lacrada a sangue e fogo, trancar a minha boca e engolir a chave. Eu vomito aqui, na calçada. No passeio público, para todos vocês.
Por isso, eu rogo pela terra fria, pela bosta que nutre o solo, pois, em essência, minha existência é exatamente igual àquilo. Minha inutilidade teria fim de maneira honrada. Diferente das formas de morrer que eles aplicam hoje: trabalhar, enriquecer para poder ter vários carros e casas. Ter vários carros e várias mulheres; ter vários homens com vários carros: Ter uma vida para jogar na própria cara que não se é nada enquanto não se tem... Machismo, Feminismo e sexo. Eles, da mesma forma que eu, continuam morrendo a cada vez que gozam entre si, gozam neles mesmos, sangram, choram, temem a morte e não sabem por quê. Passam a vida como parasitas, se aproveitando do que podem; trepando, trepando e reproduzindo as mesmas contradições. Tudo isso é muito engraçado, mas me resta a pergunta: como sanar um mal que se autocondiciona?
A resposta para essa pergunta talvez mudasse o rumo de nossa bela evolução.
[Para breve, uma pequena ilustração da idéia de cidadania, dando um ar mais sério e desenvolvendo uma questão mais "relevante " às vidas dos meus queridos amigos. Peço-lhes perdão pelo tamanho do chocolate tipo pimenta na boca e na consciência. No final das contas, cada um poderá cuspir ou engolir.
Novamente, para breve, escreverei sobre a relevância de josé murilo de carvalho no entendimento da formação cidadania no Brasil; como tentativa de apenas ilustrar a complexidade desse fenômeno e como o caso de Cuba deverá ser seriamente observado se é do interesse das pessoas uma Cuba mais "democrática". E, como diz Thainá, os colchetes não me deixam mentir. =P]
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