sábado, 19 de janeiro de 2008

Janeiro.

As chuvas de janeiro começaram. Elas caem impiedosamente, lavando as árvores e a terra. Por caírem em janeiro, elas me dão de novo a maldita idéia de ciclo. A serpente esfomeada que come a própria cauda. A água enche as ruas e os canais fétidos transbordam: pouco a pouco, nos alagados, florescerão peixes coloridos que desaparecerão no porvir do sol que evapora tudo. restará o mesmo pó; o pó sujo das águas poluídas que fazem brotar os mesmos peixes coloridos. E dos corações, alagados, cheios de uma coisa que não cessa de partir... Talvez reste também o pó; a poeira das verdades que não estão mais lá.

33 comentários:

caco/carlos/nigro disse...

serpentes...
ciclos...
pó...

a vida não é uma linha reta, considero mais uma espiral: sempre passa perto de um mesmo ponto, mas nunca da mesma forma.

Marcolino disse...

Concordo com o amigo aí de cima, e digo mais um pouco: a vida é um ciclo que evolui.

A natureza é toda cheia de ciclos, em todos os tamanhos, formatos, modalidades. Tudo me parece passar por ciclos, que vão evoluindo juntamnte com tudo. Me parece algo natural... bom ou ruim, não sei... mas natural...

Como diz um jornalista, em seu blog, de tênis (do qual sou fã ^^ ), "coisas que acho que acho":

1) Essa história de "ciclo" é algo como o tempo: daquelas coisas da vida com a qual temos (nós, ser humano) dificuldade de conviver porque não podemos controlar - e, pelo contrário, muitas vezes parece NOS controlar.

2) Eu diria que simplesmente não temos ainda maturidade o suficiente para lidar de maneira satisfatória com isso. Acho que vamos sempre nos sentir presos, simplesmente porque vamos sempre buscar nos sentir livres. Assim como uma criança cujos pais a obrigam a ir a escola, a fazer os deveres e não jogar videogame o dia inteiro e a ir dormir na hora certa....

Marcolino disse...

passei perto? ;)~

T. Alvez disse...

pra depois terminar e começar tudo outra vez

asadebaratatorta disse...

não sou a favor da idéia de ciclos. nem das espirais e das grandes teorias complexas que vão e vêm, uma tentando falsificar a outra.

eu quis dizer que qualquer forma de determinar o mundo é vazia do próprio mundo e que o conceito só serve como uma forma de abstração. Tudo está além da vaga e perspicaz observação, que já está além da definição, e do conceito, de eu, você... nós.

Marcolino disse...

ah, justo, justamente! (citando o mendigo da peça ^^ )

nesse sentido, não poderia concordar mais com o sr. ^^

a realidade existe dentro de nós, e não em forma de palavras, conceitos ou qualquer outro tipo de racionalização. essas coisas são uma tentativa de exteriorizar essa realidade, talvez com o objetico de "trocar figurinhas" com os outros, em busca de uma realidade única, porque o senso comum diz que a realidade está fora de nós e, portanto, é uma só, e blah blah blah...

a realidade está na nossa mente, no nosso coração, no nosso espírito. portanto deve ser sentida, não dita. não há como ser dita. qualquer tentativa é falha.

afinal, me diga: alguém sente em forma de palavras?

Marcolino disse...

e agora? =P

asadebaratatorta disse...

interessante... ^^

Acho que estamos chegando a algum lugar.
pergunta:se procuramos dentro de nós essa realidade, ela será diferente de pessoa pra pessoa? Se sim, então todos têm sua verdade subjetiva e isso é igualmente válido em quaisquer situações? Que fazer da ciencia, então? =P

Marcolino disse...

bom, agora você me fez pensar =P

talvez não seja que a realidade está dentro ou fora de nós.

talvez seja que ela vem de dentro pra fora, e não de fora pra dentro, como todo mundo acredita.

isso no sentido de que a realidade está dentro de nós, e nós a usamos pra construir o mundo, que não deixa de consistir em uma representação/reflexo/produto (não sei bem que palavra usar) da realidade.

assim sendo, a ciência vem, ao longo dos séculos, estudando essa representação/reflexo/produto da realidade, e chegando a conclusões que não deixam de condizer com aquilo que sabemos ser nossa realidade evolutiva-espiritual.

recentemente, a física quântia tem ido ainda além disso. foi dela que tirei essa idéia toda que venho tentando, aos trancos e barrancos, sustentar aqui haha =P

espera eu formar em física, que eu explico isso tudo direito ;P

prussiana disse...

puta merda! (e tampei a boca com as mãos)

ou isso quer dizer que você tá num barco, no meio do alagado, olhando novos lindos peixinhos coloridos nascerem e prevendo, com tristeza, que mais esses vão virar pó ou você, do pó que resta do último janeiro e da chuva que se inicia, prevê que agora tudo irá se expandir e crescer com as águas (quiçá amores nos corações?) para então terminar no mesmo pó.

me senti mal com os dois.
pode me contradizer agora:

asadebaratatorta disse...

isso, marquitos. defenda a ciencia dentro de vc. ;D

prussiana disse...

obrigada!

asadebaratatorta disse...

e esse texto não é algo alentador. =P As interpretações, das mais variadas, talvez sejam bem diferentes do que eu mesmo disse.

Podemos falar da beleza dos peixes coloridos nos córregos e nas doenças que a ação humana no córrego proporciona. Podemos falar também na inevitabilidade disso. Quem sabe, aproveitar a vida.

Quando as águas secarem muitos peixes morrerão e outros enfrentarão o esgoto pelo resto de suas vidas até que chova de novo. Sobre "morrer", marcos e eu temos idéias semelhantes. Mas da "matéria" resta mesmo o pó. Entenda quem quiser que isso não é o fim do mundo. nem mesmo o começo =P

Marcolino disse...

^.^'

nada do que vermos por aqui será o começo ou o fim de nada. é tudo continuação.

^.^'

asadebaratatorta disse...

é? Eu sei lá... hiueaheaiuheauiheiuhehu

^^'

Marcolino disse...

^.^''

Leila Soriano disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
asadebaratatorta disse...

^^' deve ser por isso que a gente sempre se encontra lá. hahaha ;D

C. disse...

às vezes acho que meu peito é todo pó. geralmente não.



sei que eu num vou deixar de querer ver os peixinhos coloridos florescendo só por saber do pó que vem depois...


=*

Anônimo disse...

Eita Rapha, esse aí foi mt complexo pra minha cabecinha!
Mas como tudo que vc escreve tem a sua beleza, eu achei lindo!!
kkkkkkkkkkkkkkkk...
xeru ;)
Naanu

asadebaratatorta disse...

own... =*

asadebaratatorta disse...

own... =*

Tami disse...

Céus... qtas divagações a partir de tão poucas palavras rssss

eh tudo tão complicado rsss
não sou filósofa tio, mas concordo com mto doq vcs disseram...

a realidade eh sim algo interior, e eu achoq cada um cria sua própria realidade

tb concordo com vc tio, o conceito eh uma forma de abstração (e de generalização tb, acho eu)

ai ai

#MahWrites disse...

eu ainda me impressiono com a forma q vc mantem conversas filosoficas nos seus comentários... ^^
mas da coisa do conceito/observação ["o conceito só serve como uma forma de abstração. Tudo está além da vaga e perspicaz observação, que já está além da definição, e do conceito, de eu, você... nós."(Rafinha, 2008)]
Eu acho que foram as coisas que eu li [minimamente] agora a pouco sobre lacan e talz q falavam isso... isso do 'real' e da "palavra mata a coisa" e coisas do tipo... em resumo, adorei a forma como c disse aquilo! ^^

A gente deveria conceituar menos e aceitar mais... ou algo assim... bjssss!!!!

asadebaratatorta disse...

ui.. lacan.. heiuahaeiuhaiue

que chique ^^
;**

Anônimo disse...

que nostálgico oO'
chega da uma dor... chegou janeiro de novo... aí vem fevereiro, carnaval... de repente estamos na páscoa, reportagens sobre chocolate... aí em o São João... férias... feriado da independência... aí chega o meu aniversário e de repente o natal. Aí vem o ano novo com janeiro de novo! Que saco. =/

Girabela disse...

Poucas palavras renderam vários comentários. Raphael, concordo contigo, também não sou adepta à idéia de ciclo, criando uma "indústria do medo" ou "indústria da resignação" de que algo, ruim ou bom, respectivamente, voltará no próximo ciclo. O texto ficou muito bom.

T. Alvez disse...

Ciclo é somente um ponto de vista e/ou estado de espírito que faz dar a sensação de repeteco, Generalizando e desmerecendo o trabalho dos pobres segundos.
Ciclo não é uma coisa pejorativa, é só uma não necessidade de se fragmentar tanto as coisas.
é uma cobrinha que engole a própria cauda, morrendo e vivendo simultaneamente.

Que coisa, eu às vezes me perco de tanto pensar, não há por onde falar falar e eu não dizer nada, em todo caso...te deixo meu registro =P

T. Alvez disse...

Diante de tantas contradições, começo a me sentir estranhamente vazia ¬¬

asadebaratatorta disse...

é. foi um vazio assim, cheio de águas, que me fez escrever esse texto. ^^ ;*

Andréa disse...

A idéia de ciclo... Tem um árvore na minha janela que era verde quando eu cheguei. Agora não tem mais folhas. E vou-me embora com essa verdade desoladora de uma vida que parece morte. Ela vai se encher de flores quando eu já estiver de volta, de volta a Recife.

Eu volto dia 21 do mês que vem! ^^ Tão feliz!

Webmaster disse...

Eu achei esse texto uma gracinha, muito bonitinho. Até me deu coragem de postar aqui.
Eu gosto muito de ver observar os ciclos, me dá uma idéia de continuidade da vida. Muito além de células se multiplicando.

Rapidamente me lembrei do Filme O Rei Leão, quando o pai de Simba explica a ele sobre o ciclo da vida, no qual a morte está inclusa e é só mais uma etapa.
Meu bebé com certeza se cansará de ver este desenho.
Beijos, mocinho.

Anônimo disse...

Yare, yare xDDD
Ciclo da vida já basta (evidentemente) o da água, nitrogênio, etc.
Peixes que brotam do esgoto é meio mentiroso, mas eu vou aceitar essa ideia, que serviu de base pra outra.
Tirando o comentario "semi-cretino" acima ( xDDDD ), a base foi legal o.o
E que as chuvas de janeiro, tragam alguma semente ou coisa de destaque no meio do " pó ". xD