segunda-feira, 12 de maio de 2014

Desperto do sono profundo. Observo as palmeiras, com suas copas dançantes,  seus frutos roxos: chacoalhando o silêncio.  São pinturas, emolduradas nesse cinturão de ferro e concreto: transbordam as nuvens e o céu.
Talvez pudesse tocar-lhes nos troncos, não estivesse eu na arrogância do primeiro andar. Estou aquém de suas palhas também: me julgo maior do que realmente sou.
Gostaria de ama-las, as palmeiras.  Mas sem me importar. Como as crianças e os inocentes querem ser irresponsáveis,  protestando pela liberdade. Confusos, ao mesmo tempo buscam e fogem do que são. São todos pinturas, em molduras de ferro e concreto, lhes escapam as nuvens e o céu. Queria aprender a ama-los, mas sem me importar.


O observador (microconto 5)

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