Imagine-se dentro daquele ônibus lotado. Pessoas se espremendo, em pé, sentadas. Chove e faz calor: as janelas fechadas. Você lá no fundo, na última cadeira à direita. A respiração é difícil. Pesada. Pense em sua casa, seus caminhos para a faculdade, para o trabalho... Você indo e vindo. Imagine seus problemas e... Olhe ao redor. Imagine que todas essas pessoas também possuem suas próprias vidas. Que elas não estão lá para figurar um filme que você protagoniza. Aquela mulher de cabelos negros, blusa branca e jeans. Ela também pode ter uma mãe, um amigo, um problema. Aquela pessoa sofre, assim como você. Imagine o tamanho da bola de sofrimento que este ônibus carrega. Imagine a potência da alegria que lhe é possível. Um poço de indiferença que começa nos seus olhos e não se encerra em você. Os olhares cruzam, mas é como se ninguém estivesse verdadeiramente ali. A presença... O vazio. Tudo.
Pense que muitas daquelas pessoas podem lhe ser hostis; causar dor. Mas elas não devem ser assim com todo mundo. Elas cometem crimes hediondos, praticam uma conduta deplorável ou mesmo conseguem manter-se coerentes. Ainda têm ou tiveram mãe, pai... alguém de quem elas pudessem gostar e que gostassem delas também. É possível que algumas pessoas possam machucar muita gente, mas nunca machucariam uma ou duas pessoas em especial. Por que isso ocorre?
Outra pessoa se jogou do alto de um prédio. Muitas pessoas puderam ver o seu sangue. As aulas pararam? O sangue parou no asfalto, assim como o corpo sem vida. Teorizaram, confabularam. Alguns passaram mal, outros não quiseram olhar para baixo e ver a mancha de sangue. Alegaram sensibilidade. Não duvido. 10 minutos depois estávamos confabulando sobre os problemas da América Latina. O fato é que eu me senti mesmo como o que li no prefácio do livro do Afonso, que tem uma parte de uma carta do Henfil.
Uma pessoa teve o crânio esmagado. A vida continua. As pessoas continuam comprando, comendo, bebendo, conversand ou namorando naquele mesmo parque. Lavado tantas vezes, mas carregado do mesmo cheiro de sangue.
E o que eu tinha de mais importante pra dizer se perdeu outra vez....
domingo, 26 de outubro de 2008
domingo, 5 de outubro de 2008
O Sol...e Nós
Ele vai e volta o tempo inteiro. O que é que muda além da nossa contagem de dias? Muita coisa, né?
Este sol... é o sol, ou somos nós? Ele é você? Eu? E se ele não estivesse lá quando foi tirada a foto? E se nós não estivéssemos aqui, agora, nesta página de blog? Que seria do "sol"? Que seria de "nós"? Talvez, entre "Nós" e "Ele" haja um elo, um fio fino como uma borda de ouro de porcelana e forte como uma montanha. Algumas pessoas nomearam este elo de Consciência.
Este sol... é o sol, ou somos nós? Ele é você? Eu? E se ele não estivesse lá quando foi tirada a foto? E se nós não estivéssemos aqui, agora, nesta página de blog? Que seria do "sol"? Que seria de "nós"? Talvez, entre "Nós" e "Ele" haja um elo, um fio fino como uma borda de ouro de porcelana e forte como uma montanha. Algumas pessoas nomearam este elo de Consciência.
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