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quarta-feira, 22 de abril de 2009
domingo, 5 de abril de 2009
O Mito prevalece
Lembrei dos meus momentos menos populares. Quando muita gente se abusou com o tamanho do meu "criticismo vulgar", típico, efervescente. Sim, aquele da saída do cinema após assistir "À procura da felicidade". Aquele filme emocionante, com aquele grande ator emocionante, o Will Smith, que fez tanta gente se comover. O filme que chamei de "a apologia do desvio padrão", ou o super homem (?), ou o que todos gostariam de ver: uma boa dose de sofrimento recompensada por um tipo de esforço trajado de subversão, em que o fodido chega ao lugar do fodão. Oh, gloriosa recompensa! Oremos. O poeta Bandeira já dizia que, entre a realidade e a imagem, quatro pombas passeiam.
Com um roteiro 10 vezes mais emocionante (principalmente para os que convivem com um tipo de realidade semelhante em representação), um personagem extremamente sofrido, que pula num buraco de bosta e apanha por chegar o mais longe que qualquer intelectual jamais foi no "show do milhão". Um pobretão pivete de 18 anos não poderia acertar mais perguntas da cultura inútil do que um intelectual. Score.
Várias imagens representando a pobreza de regiões da Índia: todo esse cenário fétido parece mesmo o coadjuvante, o grande coadjuvante dessa história. O coadjuvante que não ganhou o oscar, pois é invisível, por mais que nos salte aos olhos. Sequer concorreu.
Após tamanho sofrimento e origem humilde, passando por situações de humilhação em frente a um apresentador de programa escroto, o garoto movia multidões. Algo a ver com identificação. A recompensa, que, afinal, estava escrita, foi de 20 milhões de não sei lá o quê. Ah, e o mais importante foi o amor. Quase que relegado À cena dos coadjuvantes pelos espectadores.
Ok! Um país em festa por que um indivíduo completamente inesperado (levando em consideração os rótulos que colamos sob as cabeças das pessoas todos os dias e incessantemente) ganhou. A imensa catarse, reproduzida de forma tão excitante. Felicidade exuberante. Esse exato momento, de gozo, parece fazer com que os coadjuvantes dessa áurea jornada sintam-se o principal. Por instantes, é como se todos tivessem ganhado.
Não se enganem. Ninguém ganhou coisa alguma. Fomos, também, coadjuvantes. No show do milhão, alguém está rendendo vários; às custas desse tipo de emoção barata.
- Como você pode dizer isso de um filme tão bonito?!
- Isso não é real, idiota. É possivel que algumas imagens, aquelas de caráter explicitamente coadjuvante, sejam. O que importa, afinal? Vamos por um sorriso nessa sua carinha.
Com um roteiro 10 vezes mais emocionante (principalmente para os que convivem com um tipo de realidade semelhante em representação), um personagem extremamente sofrido, que pula num buraco de bosta e apanha por chegar o mais longe que qualquer intelectual jamais foi no "show do milhão". Um pobretão pivete de 18 anos não poderia acertar mais perguntas da cultura inútil do que um intelectual. Score.
Várias imagens representando a pobreza de regiões da Índia: todo esse cenário fétido parece mesmo o coadjuvante, o grande coadjuvante dessa história. O coadjuvante que não ganhou o oscar, pois é invisível, por mais que nos salte aos olhos. Sequer concorreu.
Após tamanho sofrimento e origem humilde, passando por situações de humilhação em frente a um apresentador de programa escroto, o garoto movia multidões. Algo a ver com identificação. A recompensa, que, afinal, estava escrita, foi de 20 milhões de não sei lá o quê. Ah, e o mais importante foi o amor. Quase que relegado À cena dos coadjuvantes pelos espectadores.
Ok! Um país em festa por que um indivíduo completamente inesperado (levando em consideração os rótulos que colamos sob as cabeças das pessoas todos os dias e incessantemente) ganhou. A imensa catarse, reproduzida de forma tão excitante. Felicidade exuberante. Esse exato momento, de gozo, parece fazer com que os coadjuvantes dessa áurea jornada sintam-se o principal. Por instantes, é como se todos tivessem ganhado.
Não se enganem. Ninguém ganhou coisa alguma. Fomos, também, coadjuvantes. No show do milhão, alguém está rendendo vários; às custas desse tipo de emoção barata.
- Como você pode dizer isso de um filme tão bonito?!
- Isso não é real, idiota. É possivel que algumas imagens, aquelas de caráter explicitamente coadjuvante, sejam. O que importa, afinal? Vamos por um sorriso nessa sua carinha.
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