sábado, 20 de setembro de 2008

[As chuvas de janeiro começaram. Elas caem impiedosamente, lavando as árvores e a terra. Por caírem em janeiro, elas me dão de novo a maldita idéia de ciclo. A serpente esfomeada que come a própria cauda. A água enche as ruas e os canais fétidos transbordam: pouco a pouco, nos alagados, florescerão peixes coloridos que desaparecerão no porvir do sol que evapora tudo. restará o mesmo pó; o pó sujo das águas poluídas que fazem brotar os mesmos peixes coloridos. E dos corações, alagados, cheios de uma coisa que não cessa de partir... Talvez reste também o pó; a poeira das verdades que não estão mais lá.]

Sim, Tutu. Pra quem não tinha entendido antes, no pó também se encontram sementes. É muito interessante poder ler nossas coisas antigas, né? Fico contente de naqueles momentos eu ter exposto tais coisas, e ter refletido de forma tão interessante sobre elas; e pelo simples fato de as pessoas terem lido e refletido também! Sinto alguma falta disso agora, que não disponho de tanto tempo livre. Longe de estar vazio. E sim, por um lado, é como se as sementes começassem a brotar e algo novo a surgir. Algo que de novo parece mesmo não ter nada. A novidade é cada dia que passa. Às vezes é importante contemplar isso. Sinto vontade de publicar aqui mais um escrito de janeiro. Mas antes, eu queria agradecer a Flor pelo tempo mais suave e mais intenso que pude passar até então. De relógio são um pouco mais que 4 meses. Já? Ainda?
enfim... Espero que Rodrigo leia e comente sobre. Há tempos que ele me deve um escrito sobre o meu escrito:


"Dizem que se olho bem à frente, daqui do alto deste edifício, acima, buscando o horizonte, posso ver o mar. Vejo-o bem à minha frente: verde-azul flamejante, que vai e vem. Porém, se não vejo tão distante, se não procuro pela superioridade de sua existência, abaixo do edifício, a caminho terreno do oceano, entre as avenidas repousa o canal. Não sei dizer ao certo sua cor. Quanto mais perto de mim fica o meu olhar, quanto mais limitado, menos do mar verde-azul eu consigo captar. Qual das visões é a verdadeira?
Os ônibus passam cheios de pessoas. as ruas cheias de pessoas. O que são essas faces? Não compreendo. Faces, interagindo umas com as outras e com a pele crua da realidade, a ponta do iceberg que há milênios parece furar-nos os olhos. O que há?
Face de raiva por causa do ônibus. Não. Por causa do motorista de ônibus que acaba dequeimar a parada. A moça esbraveja, gesticula... ela parece não estar ali. É engraçado... Nesses instantes, para eles - as pessoas -, é como se não houvesse "mundo", e muito menos "eu". Tudo parece girar em torno dos seus desejos sem controle. Eles tornam-se sua própria imagem. Em poucos segundos... Até que voltam as faces. No instante tempestuoso da alma humana, o que está nos olhos chorosos e que não se sente, o que está na dor, na alegria, na esperança: a chave da incompreensão. É como se não percebessem, de fato. O quanto não são por seu puro e simples desejo de ser. Durante a mínima fração de tempo desmascarada, não sabem que são. São; diferente dos seus próprios desejos, do "mundo", de eu, você, mim, nós e eles. Mas não. Facilmente confundem desejo e vontade; perdem a consciência de si em troca de... É preciso transcender a isso. Se não, pouco a pouco, não haverá mais "mundo". Não haverá mais eu, você, ele... Nós."



10 de janeiro, 2008.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

(Lao Tsé; Tao Te Ching) - Trad. Albe Pavese (Ed. Madras)

Verso 38 - SOBRE AS VIRTUDES

O homem de Virtude Superior não está preocupado com sua virtude porque ele é virtuoso.
O homem comum fica preocupado com suas virtudes porque não é virtuoso.
O Sábio parece que nada faz pois permanece na não-ação.
Certamente nada fica sem ser feito.
O homem inferior se movimenta muito e certamente deixa de realizar o essencial.
A Benevolência precisa atuar mesmo sem objetivos.
A Justiça precisa atuar e procura um objetivo.
O Dogma precisa atuar através da observação e a força para submeter os homens.
Por isso quando o Tao se perde, aparece a virtude.
Quando a virtude se perde, aparece a benevolência.
Quando se perde a benevolência aparece a Justiça.
Quando a Justiça se perde, aparecem os dogmas e o moralismo.
Os dogmas e o moralismo são a casca da fidelidade e da lealdade e o começo da confusão.
Os adivinhos e falsos profetas são a aparência do Tao e o começo da estupidez.
Por isso o Sábio conserva-se na Infinita Profundidade e não na superfície.
Habita no fruto e não na flor.
Vive no ser, e não na aparência.

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

[por que pelo menos eu posso postar coisas interessantes de se ler =P]

"Se eu faço unicamente o meu e tu o teu
corremos o risco de perdermos
um ao outro e a nós mesmos.

Não estou neste mundo para preencher tuas expectativas
Mas estou no mundo para me confirmar a ti
Como um ser humano único para ser confirmado por ti
Somos plenamente nós mesmos somente em relação um ao outro

Eu não te encontro por acaso
Te encontro mediante uma vida atenta
em lugar de permitir que as coisas
me aconteçam passivamente

Posso agir intencionalmente para que aconteçam
Devo começar comigo mesmo, verdade
mas não devo terminar aí:
a verdade começa a dois."

Frederick Perls

Geladeira

E o blog foi pra geladeira. Que triste. Apesar de todas as boas intenções, de idéias do que escrever e etc e tal... Por enquanto, não devo postar nada além de vídeos ou poemas =P
Mas, logo retomarei as discussões por aqui. =P